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 | Lineu Filho/Gazeta do Povo
| Foto: Lineu Filho/Gazeta do Povo

De solos ácidos e pobres a uma terra em que se plantando tudo realmente dá. Ou melhor, em que se pesquisando tudo é possível.

É esse o Brasil, que até 1970 dependia da importação de alimentos básicos que hoje são abundantes para a nossa população e ainda exportados para mercados ao redor do planeta. Um país com agricultores ousados, que acreditaram que a ciência é sua principal parceira, e hoje colhem os frutos da tecnologia incorporada aos seus campos, estando entre os maiores produtores de grãos, carnes e frutas do mundo.

Mas esse êxito pouco valeria se, para produzir, o meio ambiente fosse prejudicado, pois se assim fosse nossos descendentes teriam poucas chances de sobrevivência num futuro próximo. A ciência seria omissa e irresponsável se não se dedicasse à proteção dos nossos recursos naturais e ao desafio da produção sustentável. Porém, temos cientistas absolutamente comprometidos com a natureza e intolerantes com a exploração equivocada do solo, das águas e das florestas.

Agricultores ousados acreditaram que a ciência é sua principal parceira, e hoje colhem os frutos

Ao longo das últimas quatro décadas os nossos pesquisadores transformaram os solos brasileiros, que são naturalmente ácidos e pobres, em solos férteis. Ao fazê-lo, aumentamos a produtividade das lavouras e reduzimos enormemente a demanda por mais terras para a produção. Para explorar essa terra agora fértil, adaptamos à condição tropical espécies vindas de todas as partes do planeta, ampliando e diversificando a nossa capacidade de produzir alimentos.

A ciência brasileira deu enorme atenção ao desenvolvimento e à disseminação de tecnologias sustentáveis, oferecendo práticas aprimoradas de manejo do solo e da água, insumos biológicos que permitem fertilizar lavouras e preservar os inimigos naturais das pragas, bem como conhecimentos que garantem o bem-estar dos animais e a comprovação da qualidade dos alimentos produzidos no país.

A cada safra os produtores de soja brasileiros economizam US$ 13 bilhões por meio da fertilização biológica do nitrogênio, fixado do ar por bactérias inoculadas na semente. Já são 14 milhões de hectares beneficiados com a prática da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), uma verdadeira revolução que está ocorrendo em nossos campos para favorecer o meio ambiente e aumentar a produtividade, com baixa emissão de carbono, sem desmatamento para ampliar áreas de cultivo.

Leia também:O desafio da educação para o agronegócio (artigo de Eduardo Saboia, publicado em 25 de abril de 2018)

Leia também:Agronegócio e conservação: quem perde com esse confronto? (artigo de Emerson Antonio de Oliveira, publicado em 24 de maio de 2017)

A Nasa, agência espacial americana, comprovou há pouco o que nossos estudos já divulgaram: o Brasil protege e preserva a vegetação nativa em mais de 66% de seu território e cultiva apenas 7,6% das suas terras. Produtores dedicam cerca de 21% de suas propriedades à preservação. Que agricultura no mundo faz o mesmo?

A ciência oferece suporte para o Brasil, nesse cenário, produzir cada vez mais, inserindo a nutrição e a segurança alimentar da população entre os ideais de trabalho. Com muito orgulho, a ciência agropecuária brasileira contribui direta ou indiretamente com todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU. E o faz atuando para que a grande revolução tecnológica, baseada na transformação digital, torne mais prática e eficiente a aplicação de conhecimentos que agilizem o alcance desses objetivos.

No mês em que comemoramos os 45 anos da Embrapa, saudamos e agradecemos a todos os parceiros e demais cidadãos que com muito trabalho, otimismo e confiança, reconhecem a relevância da ciência agropecuária, colaboram para reduzir a visão distorcida de muitos sobre a agricultura brasileira e, assim, ajudam a engrandecer este país.

Maurício Antônio Lopes é presidente da Embrapa.
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