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A jovem ativista ambiental Greta Thunberg, em Genebra, Suíça, durante o lançamento de mais um relatório sobre o clima do IPCC, em 8 de agosto de 2019.
A jovem ativista ambiental Greta Thunberg, em Genebra, Suíça, durante o lançamento de mais um relatório sobre o clima do IPCC, em 8 de agosto de 2019.| Foto: Fabrice Coffrini/AFP

O rosto sorridente de Greta Thunberg, a adolescente transformada em símbolo da luta contra as mudanças climáticas, celebrando, em sua página do Facebook, a Parada Gay de Estocolmo, pode ter surpreendido as pessoas mais ingênuas, e até colocado algum embaraço em algum jornalista e intelectual católico que subiu apressadamente no carro “modelo Greta”. Mas é perfeitamente coerente com o que a luta contra o aquecimento global ou as mudanças climáticas representa.

Não é preciso muito para se dar conta, mas o clima de histeria coletiva que foi criado sobre este argumento, o alarmismo exasperado que nos atinge quotidianamente através de jornais, rádio e tevê, o martelar da propaganda de forma constante, há anos, geraram agora na opinião pública uma distorção na percepção da realidade. Estamos já convencidos de viver no pior dos mundos possíveis, na beira do precipício, aguardando o que o clima nos pode reservar num futuro próximo por causa das nossas más ações.

E nesta situação, com uma humanidade encurralada, sacrificam-se o exercício da razão, a capacidade de se interrogar sobre o que se é proposto ou imposto, e olhar a realidade pelo que ela é. É assim que diante de uma adolescente que sofre de síndrome de Asperger, e que só repete chavões, pois não tem nenhum conhecimento científico sério, em vez de buscar a intervenção dos assistentes sociais para livrá-la dos que a estão usando para fins ideológicos e comerciais, fazem-na se tornar uma espécie de sacerdotisa que oficia em todas as sedes internacionais, e diante as quais se ajoelham todos os grandes da Terra, para não dizer os intelectuais e eclesiásticos católicos. Uma situação ridícula, sem precedentes, da qual não nos damos nem mesmo conta.

O ambientalismo é desde a origem conservação da natureza e tentativa de conter a presença humana

Mas precisamente, como se dizia, anos de propaganda a bater como martelo produziram um torpor, uma grave distorção na compreensão da realidade: dos mecanismos da natureza à relação entre desenvolvimento e ambiente, do conhecimento sobre o clima ao papel das atividades humanas. Por isso, pensamos em dedicar alguns episódios destinados a abordar aspectos singulares falsificados por esta histeria coletiva.

O próprio caso de Greta com a bandeira arco-íris nos dá ocasião para afrontar brevemente um primeiro aspecto da questão, ou melhor, o laço entre diversas ideologias hoje dominantes: o ecologismo e o homossexualismo, primeiramente. Estando em presença das notícias que nos chegam a respeito das mudanças climáticas, somos levados a pensar na existência de uma verdade científica (o aquecimento global causado pelo homem, que nos está levando à catástrofe) a qual os chefes de governo não dão crédito suficiente, visto que são necessários anos para chegar a acordos internacionais e que são, contudo, muito genéricos. No caso das mudanças climáticas, porém, os cientistas são só os coadjuvantes, fornecem o pretexto, dão um toque de verossimilhança ao caso; mas na realidade a matriz da campanha é ideológica e a direção é política.

O ambientalismo dominante hoje tem raízes distante no tempo, raízes que chegam até às sociedades eugênicas que floresceram sobretudo no mundo anglo-saxão entre o fim do século 19 e o início do 20, e derivam do darwinismo social. Das mesmas sociedades eugênicas nascem também o movimento pelo controle de nascimentos e o feminismo radical. Individualismo extremo e a visão de um mundo só para saudáveis e eficientes são duas características que unem todos esses movimentos.

Assim o ambientalismo é desde a origem conservação da natureza e tentativa de conter a presença humana. O mito da superpopulação precede no tempo o do aquecimento global, mas o modus operandi é o mesmo e também o objetivo. Tanto é verdade que nos anos 1970 a relação entre ambientalismo e movimento pelo controle de nascimentos se dá pelo grito de “a população polui”. Até a promoção da homossexualidade deve muito ao movimento pelo controle de nascimentos, e o motivo é evidente: os casais homossexuais são, por sua própria natureza, estéreis e, portanto, quanto mais homossexuais, mais fácil é obter a queda da fertilidade.

A causa das mudanças climáticas, com todos os temores ligados a isso, vai na mesma direção, tanto é verdade que há um relevante movimento de opinião que se empenha a ter um número mínimo de filhos ou mesmo nenhum para salvar o planeta.

No relacionamento entre movimentos LGBT e grupos que lutam contra as mudanças climáticas entram em seguida fatores contingentes. Já há anos, nas marchas pelo clima, sobretudo nos Estados Unidos, participam grupos LGBT especiais, como os Queer pelo clima. O fio que os liga – basta ler seus artigos e ensaios a este respeito – é também a percepção de uma luta comum de libertação, luta pela justiça social, em que as estratégias vencedoras de uns (os LGBT) fazem escola aos outros. Nem se deve esquecer que todos estes movimentos ideológicos e culturais encontram a sua caixa de ressonância nas agências das Nações Unidas, das quais nascem e se difundem as palavras de ordem que se tornam rapidamente patrimônio comum.

De resto, estas correntes ideológicas conheceram o sucesso quando se encontraram com a política: é assim que, contrariamente ao que se pensa, até a ciência ficou a serviço da polícia. Independentemente do que se pensa, são os governos e as forças políticas que mantêm as fileiras do alarmismo climático. Basta um só exemplo: o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), o organismo da ONU que se ocupa das mudanças climáticas. É conhecido como o máximo órgão científico, autor dos famosos Relatórios que são a principal fonte para as políticas globais que dizem respeito às mudanças climáticas.

Na realidade, o IPCC não só não desenvolve atividade científica própria (os relatórios são somente uma compilação e uma síntese dos estudos disponíveis), mas é um organismo estritamente político, embora seja composto também por cientistas. Como seu próprio nome diz: se chama, de fato, “grupo intergovernamental”, porque são os governos que decidem quem o dirige e são os governos a ter a última palavra sobre o relatório final. Não por acaso, nesses anos, houve muitos casos de cientistas notáveis que se demitiram justamente pela configuração ideológica e política que se quer dar à análise científica. E, de fato, do mesmo modo, os últimos presidentes do IPCC não são nem um pouco cientistas: o indiano Rajendra Pachauri, que esteve na posição de 2002 a 2005, é um engenheiro especialista em ferrovias, enquanto o atual, o coreano Hoesung Lee, é um economista.

Riccardo Cascioli é bacharel em Ciências Políticas, jornalista e diretor do periódico “Il Timone”. Autor de “Il complotto demografico”, “Le Bugie degli Ambientalisti 1 e 2” (2004 e 2006) e “I padroni del pianeta”. Tradução: Rafael Salvi.

© 2019 La Nuova Bussola Quotidiana. Publicado com permissão. Original em italiano.

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