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“Então Pedro chegou perto de Jesus e perguntou: ‘Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?’ ‘Não!’, respondeu Jesus. ‘Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta e sete vezes’.” (Mateus 18,21‭-‬22)

Estamos novamente no fim de mais um ano. Algumas cicatrizes de lutas, novas estratégias e projetos para o ano vindouro; seja como for, sempre é uma época que demanda reflexão e reavaliação dos rumos que nossa vida segue. Assim, trago uma reflexão sucinta sobre o perdão, suas consequências e interligações.

Como cristão que sou, minha missão maior é divulgar as boas novas de Deus, Sua palavra de amor, e a expressão máxima do amor divino é o perdão, até mesmo perdoar o imperdoável. É muito comum ouvir descrentes criticarem o dogma cristão relativo ao perdão, dizendo que, mesmo se o autor de um crime hediondo se arrepender verdadeiramente, Deus não deveria aceitá-lo no paraíso.

A vingança é uma ferramenta totalmente inútil e improdutiva

No entanto, se o arrependimento for profundo e verdadeiro (e isso precisa ficar bem claro), a essência do criminoso foi corrigida, transformada de maligna para benigna. Já o autor de um assassinato premeditado que, no ato do planejamento do crime, já pense em buscar o perdão futuro dificilmente será perdoado (a decisão final é exclusivamente de Deus), pois ele já visava pedir perdão antes de cometer o assassinato; assim não há real arrependimento e, consequentemente, não há real transformação da natureza moral do assassino. Logo, não há paraíso para essa pessoa.

Por outro lado, a questão da vingança, tão forte ao ser humano que é prejudicado por outro humano, é inútil tanto em restaurar o prejuízo quanto em mudar a natureza do criminoso, sendo uma futilidade para aplacar a ira humana em um sentimento de revanche. A vingança é uma ferramenta totalmente inútil e improdutiva, traz apenas uma satisfação pessoal, um prazer fútil; devemos evoluir para superá-lo. A vingança por si só é maligna, e nada de bom a acompanha.

O perdão está disponível para todo ser humano, independentemente de suas convicções ou ausência de religiosidade. Definitivamente, o perdão é bom para todos.

O real arrependimento é um recomeço, o perdão é parte da evolução moral e uma dádiva a quem o prática; a justiça a Deus pertence. A expressão máxima da virtude humana é perdoar o imperdoável – e é possível, sim, perdoar perante Deus mesmo o que é humanamente imperdoável. Basta declarar a real intenção do perdão e, com frequência, renovar em orações essa intenção de perdoar, até que Deus e o próprio tempo ajudem para que o perdão ocorra efetivamente.

Luiz Felipe Pondé: Sem Deus, tudo é permitido (artigo de 5 de outubro de 2015)

Leia também: “Sede como vosso Pai” (artigo de dom Moacyr Vitti, publicado em 23 de fevereiro de 2014)

Nada disso tem relação com a justiça dos homens. Não defendo a abolição das prisões para qualquer criminoso que peça o perdão de Deus, pois não há como saber se ele continua a ser uma ameaça para a sociedade ou não. Ele pode ser perdoado por Deus e permanecer recluso da sociedade.

Será que você tem algo ou alguém a perdoar? Talvez até a si mesmo? Perdoe, simplesmente perdoe e as consequências positivas não tardarão a chegar.

Gustavo Reichenbach, formado em Processamento de Dados e Hotelaria, é investidor autônomo da construção civil.
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