• Carregando...
 | Yasuyoshi Chiba/AFP
| Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP

As últimas pesquisas de opinião – não intimamente próximas – mostram um Brasil radicalizado entre uma direita virulenta (e, além de tudo, despreparada) e uma esquerda cujos atos de lambuzar-se com o mel do poder elamearam os que ficaram sob sua excrescência: o povo brasileiro. A praticamente uma semana da eleição, dir-se-ia que o quadro está delineado – ou o poço lodoso, cavado irreversivelmente.

Errado. Muitas eleições, aqui e em outras partes do mundo, foram decididas na última semana. Quando o eleitor pensa severamente em sua opção, não dá mais a resposta imediata e irrefletida a pesquisas de opinião. Posta a premissa, podemos acreditar piamente no bom senso que as urnas demonstrarão. Soluções radicais – de qualquer viés – jamais solucionaram o drama dos povos.

A crise que oprime o Brasil veio de um populismo irresponsável

A crise que oprime o Brasil veio de um populismo irresponsável como todos os populismos, do aparelhamento do Estado, da roubalheira, da demagogia ideológica em que se erigiu um momento de felicidade, ditada pelos ventos que sopravam no plano internacional, jamais pelo talento dos que nos governaram nos últimos dois períodos – talento que, aliás, nunca foi o forte de quem pregava o despreparo contra o merecimento dos condutores da res publica. Tudo se devia à falta de vontade política e a um maniqueísmo de conveniência: os bons contra os maus.

Ocorre que, considerados os índices dos radicais, eles não superam a razão dos brasileiros que pensam em erradicar as mazelas do país; ordenar a sociedade e o Estado; equilibrar as instituições; crescer com distribuição de renda e equidade; olhar para os verdadeiramente carentes da ação estatal, que são os descamisados; e, sobretudo, governar por meios efetivamente democráticos, por normas jurídicas devidamente elaboradas, e não por medidas provisórias que são os gelatinosos disfarces de verdadeiras ditaduras nomeadas de democracia. Liberdades públicas e liberdades econômicas, em cujo campo é realizada a justiça, que já supõe a tão decantada justiça social: eis o binômio da efetiva democracia.

Leia também: Jogar o jogo democrático (editorial de 17 de setembro de 2018)

Leia também: O que de fato está em jogo nas eleições presidenciais de 2018 (artigo de Pedro Jobim, publicado em 13 de março de 2018)

É hora de a razão, para aqueles que prezam a si e a suas famílias, falar sem engulhos. Entre os bolsonaristas e os lulopetistas, que migraram para Fernando “Andrade”, homem fino, zen, dominado pela bandidagem jamais vista antes na história deste país, a figura correspondente ao bom senso é, obviamente, a de Geraldo Alckmin, que deixa São Paulo não apenas com os produtos de boa governança, mas com o testamento de haver garantido, somente com o produto bruto da capital e sua grande região metropolitana, incluindo-se Campinas e região, 60% das riquezas nacionais.

É fácil imaginar que, sem essa contribuição, estaríamos a discutir uma eleição numa aldeia das savanas do sofrido continente africano.

Amadeu Garrido de Paula é advogado.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]