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A crise econômica que despedaça bancos nos Estados Unidos e na Europa e que poda sem piedade milhares de empregos no Brasil e fora dele tem algumas implicações diretas sobre a economia do Paraná. E a preocupação maior dos empresários do comércio de bens, serviços e turismo do estado, aos quais me associo, é a possível ampliação do conjunto de limitações que se apresentam no atual contexto.

Dentre os fatores restritivos, destaque para a redução da disponibilidade de crédito para os empresários e para o consumidor, o que se reflete em menos investimentos e menos consumo. O crescimento do desemprego, mais intenso em alguns ramos da indústria não é menos preocupante. Pior é que, nestes primeiros meses do ano, o consumidor já vê sua renda comprometida com dívidas típicas de início de ano, como IPTU, ISS, material e mensalidade escolar, além das prestações feitas no final do ano passado, para a compra de presentes de Natal.

Aliado a esse panorama nada agradável acompanhamos, ainda, a queda da produção agrícola, elevando preços ao consumidor final. O produtor, enquanto isso, vê sua renda diminuir afetando sua capacidade de consumo. Ao mesmo lado caminham taxa de juros muito elevada, e redução de demanda no exterior.

Lamentavelmente, para este primeiro semestre de 2009 são poucas as alternativas que se apresentam para evitar a queda nas vendas, em comparação com o mesmo período de 2008. Até agosto do ano passado as empresas dispunham de crédito do exterior abundante e barato, benefício este que era repassado aos consumidores. A partir de outubro, as empresas passaram a recorrer ao mercado interno, onde predominam a escassez e o custo mais elevado do dinheiro. Muitos consumidores passaram a utilizar o cheque especial, reconhecidamente mais caro.

Os segmentos do comércio mais afetados têm sido os que trabalham com bens de maior valor, com destaque para automóveis (incluindo-se caminhões, tratores e colheitadeiras); produtos da linha branca (geladeiras, fogões, lavadoras, secadoras); eletrônicos (alguns modelos de televisores, aparelhos de DVSs, ar-condicionado, produtos específicos de informática) e mobiliário doméstico. Tudo indica que serão pouco afetados no primeiro semestre o comércio de bens não duráveis: alimentos, produtos de higiene e remédios.

O comércio de bens e serviços é o segmento que mais gera empregos na economia paranaense. E este setor até o momento não recorreu a demissões nem férias coletivas com a mesma intensidade que outros segmentos de atividade econômica.

Está mais do que na hora do governo adotar medidas mais drásticas no combate à crise. Entre elas, apontamos como urgentes e necessárias o aumento da velocidade da diminuição da taxa básica de juros do Banco Central (a Selic), reduzir alíquotas de impostos como o (Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), como já foi feito para o ramo de automóveis, com excelentes resultados, além de disponibilizar linhas especiais de financiamento para a pequena e média empresa. Por último nossa sugestão é de que o governo deveria aumentar a oferta de dinheiro na economia, reduzindo ainda mais o compulsório bancário.

Nossa proposta é que seja adotado esse conjunto de medidas beneficiando o consumidor e seu poder de compra, possibilitando aquecer as vendas do comércio, mantendo o emprego e a geração de renda na economia.

Darci Piana é presidente do Sistema Fecomércio-PR, Sesc e Senac.

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