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 | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Desde que a Revolução Industrial alterou a forma como nos organizamos em sociedade, buscamos a facilidade de acesso e as comodidades dos centros urbanos. Esse fato é comprovado pela taxa de urbanização medida pelo IBGE, que cresceu em torno de 53% nos últimos 70 anos. Esse aumento impactou diretamente a oferta de serviços básicos como o saneamento ambiental. A falta de estrutura para atender toda a população criou uma situação de elevados impactos ambientais, com o descarte de efluentes sem tratamento em recursos hídricos.

Neste contexto, a falta de estrutura adequada faz com que grande parte do esgoto produzido nas cidades contamine as águas e intensifique a eutrofização – processo através do qual um corpo de água adquire níveis altos de nutrientes, provocando a deterioração da qualidade da água. Identificar um ambiente eutrofizado pode ser algo simples, pois formam-se verdadeiros gramados na superfície da água, tamanha a proliferação de algas microscópicas ou de plantas aquáticas. Tal condição indica uma situação de extremo desequilíbrio do ecossistema, no qual a poluição, frequentemente associada ao descarte de efluentes domésticos (esgoto), favorece o crescimento intenso desses organismos. Nestas condições observamos que a água adquire a coloração verde resultante da grande presença de algas e vegetais aquáticos.

A eutrofização dificulta e até impede os usos múltiplos previstos para os recursos hídricos

É uma situação que acaba muitas vezes dificultando e até impedindo os usos múltiplos previstos para os recursos hídricos, uma vez que pode ocorrer a produção de toxinas por algas e/ou cianobactérias. O aumento populacional (maior volume de esgoto) e o aumento da temperatura do planeta são fatores que podem contribuir para que tenhamos uma condição muito desfavorável à conservação da qualidade dos recursos hídricos, já que a radiação solar e a disponibilidade de alimentos favorecem o processo de eutrofização.

Os nutrientes associados ao esgoto são um prato cheio para as algas, que encontram condições para sua multiplicação. Ações de sensibilização da população para regularizar a rede de esgoto ou até mesmo para cobrar os governantes pela disponibilidade em casos de ausência de coleta podem ajudar a controlar o fenômeno da eutrofização. Além disso, problemas como a falta de água, pelo comprometimento da qualidade, serão minimizados e permitirão o uso sustentável das águas.

Neste sentido, medidas conscientes como a regularização das redes de esgoto, além das políticas públicas voltadas à gestão das águas e ao tratamento de efluentes, são fundamentais e podem contribuir significativamente para que o problema da crise hídrica nos próximos anos seja minimizado.

Augusto Lima da Silveira e Rodrigo Berté são professores da área ambiental do Centro Universitário Internacional (Uninter).
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