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Não podemos aceitar que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos sejam desperdiçados anualmente, e ao mesmo tempo 842 milhões de pessoas ainda passem fome no mundo. O desperdício de alimentos causam consequências econômicas diretas de US$ 750 bilhões por ano.

No geral, os países industrializados e os em desenvolvimento desperdiçam mais ou menos a mesma quantidade de alimentos: 670 e 630 toneladas respectivamente. As frutas e as hortaliças, assim como as raízes e os tubérculos, são os alimentos menos reaproveitados. Para se ter uma ideia clara do prejuízo causado pelo desperdício, todo ano, os consumidores dos países ricos jogam fora 222 milhões de toneladas, isso representa quase a mesma quantidade de alimentos produzidos para alimentar a África Subsaariana que precisa de 230 milhões de toneladas de alimentos.

E qual é o motivo para tanto desperdício? Podemos dizer que nas sociedades ricas falta planejamento dos consumidores na hora de ir às compras. O desperdício vem de uma combinação entre o comportamento do consumidor que às vezes assume padrões estéticos desnecessários e fazem o mal uso dos produtos, aliado a logística de venda incorreta, prazos de validade incoerentes, e da falta de comunicação ao longo da cadeia de abastecimento.

Além das grandes perdas econômicas, não podemos esquecer que o desperdício também gera um impacto significativo nos recursos naturais, dos quais depende a humanidade para se alimentar.

O que podemos fazer para mudar esse quadro? Um dos pontos é levar o tema ao centro dos debates, tanto governamentais, como para dentro dos nossos lares. A redução do desperdício de alimentos tem de ser prioritária. Precisamos de um maior esforço para equilibrar a oferta e a demanda.

Medidas pequenas e a mudança de cultura das populações também contribuem para combater o desperdício. Quando há excedentes alimentares, a melhor opção é reutilizar os alimentos na cadeia alimentar humana. Isso é possível por meio de mercados secundários, ou da doação aos mais vulneráveis da sociedade. Caso os alimentos não estejam em condições para o consumo humano, a melhor opção é desviá-los para a cadeia alimentar animal, poupando recursos que, de outra forma, seriam necessários para produzir ração comercial.

E se mesmo assim a reutilização não for possível, podemos pensar na reciclagem e na recuperação: a reciclagem de subprodutos, a digestão anaeróbia, a compostagem e a incineração com recuperação de energia, permite que se recupere a energia e os nutrientes provenientes do desperdício, o que representa uma vantagem significativa em relação aos aterros.

Em 2050, devemos chegar a 10 milhões de habitantes em todo o mundo. Para que tenhamos alimentação para todos é preciso que o combate ao desperdício de alimentos faça parte das estratégias governamentais. A FAO em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e parceiros globais, desenvolvem a campanha Pensar. Comer. Conservar. A ideia é conscientizar e investir esforços em ações de alcance global, regional e nacional com atitudes práticas do dia a dia que ajudem a diminuir o desperdício.

Alan Bojanic é representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil.

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