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As comemorações de Natal de Hong Kong foram marcadas por confrontos esporádicos entre policiais e ativistas pró-democracia.
As comemorações de Natal de Hong Kong foram marcadas por confrontos esporádicos entre policiais e ativistas pró-democracia.| Foto: Philip Fong/AFP

O leitor já deve ter visto algo sobre a prática chinesa de amarrar os pés das meninas. É um costume antigo, que tem origem em um suposto consenso estético do século 10.º. Para aumentar as possibilidades de um bom casamento, as meninas e jovens, desde muito pequenas, amarravam os pés com tiras de pano para frear seu crescimento. Essa tradição prejudicava o desenvolvimento corporal, mas era aceita e praticada. Felizmente, desde então ela tem sido condenada e interrompida.

Mas a China comunista adota outros meios de impedir o crescimento do indivíduo, atacando três instituições básicas da sociedade: a família, a escola e a liberdade de expressão.

Em 1980, a China comunista anunciou sua “política do filho único” para impedir uma crise demográfica. As famílias chinesas ficaram limitadas a ter apenas um filho ou sofrer punições pesadas que incluíam multas pesadas, esterilização forçada, abortos forçados e até infanticídio. Ao longo dos 35 anos em que esteve em vigor, as estatísticas falam em 196 milhões de esterilizações e 336 milhões de abortos (mais que toda a população dos Estados Unidos). Desde 2015, a China alterou a política para permitir que outro bebê nasça sem que o Partido Comunista intervenha. Mas as taxas de aborto continuam acima de 24,2 para cada mil bebês nascidos vivos.

Nada parece escapar das garras do Partido Comunista. A supressão virou opressão. E, mesmo assim, em Hong Kong, as pessoas estão nas ruas

A China comunista também controla sua população por meio do sistema escolar. O Partido Comunista tem controle completo sobre a educação, a ponto de os diretores das escolas serem ou membros do partido, ou trabalharem sob a supervisão de um. Essa marcação cerrada sobre as escolas permite que a China doutrine as crianças com propaganda do Partido Comunista desde muito cedo.

Lenora Chu, autora de Little Soldiers, escreve que as salas de aula chinesas se parecem mais com quartéis que com centros de aprendizagem. O currículo é tão estrito que os estudantes têm medo de falar qualquer coisa fora do aceitável. Eles “aprendem” a repetir como papagaios as diretrizes do Partido Comunista Chinês como se fossem verdades absolutas. Para não ficar dúvida alguma sobre isso, o fundador de uma escola comunista em Henan afirmou, em uma entrevista, que “o pensamento maoísta é Deus”.

Chu afirma que o governo proíbe explicitamente “discussões sobre democracia, liberdade de expressão e erros passados do Partido Comunista”. Outras proibições atingem o Google, o Facebook, o Instagram, o Wall Street Journal e a Economist. E não há limites para a censura. Tanto o desenho animado South Park quanto as histórias infantis do Ursinho Puff são proibidos – aquele, por criticar o governo chinês; estas, porque o personagem lembra vagamente o presidente Xi Jinping.

Nada parece escapar das garras do Partido Comunista. A supressão virou opressão. E, mesmo assim, em Hong Kong, as pessoas estão nas ruas.

Os manifestantes forçaram o governo de Hong Kong a pagar um anúncio de página inteira no Wall Street Journal afirmando que Hong Kong continua a ser uma “sociedade livre”. Ele traz uma lista de nove liberdades diferentes, que vão da liberdade de expressão e de imprensa até a liberdade religiosa.

Hong Kong pode se iludir com anúncios, e eles podem iludir outras pessoas. Mas a verdade é que, lá, as liberdades estão sob forte ameaça do governo comunista de Pequim, que está preocupado e enfraquecido, e cujos métodos de opressão não funcionarão em Hong Kong da forma como funcionaram 30 anos atrás na Praça da Paz Celestial.

A Pequim, agora, só resta esperar que os cidadãos de Hong Kong se cansem de protestar, mais cedo ou mais tarde. É uma esperança vã, porque ignora o desejo inato por liberdade que existe dentro de cada ser humano, e que inspira o valente povo de Hong Kong a protestar até que sua cidade seja totalmente livre.

Lee Edwards é pesquisador do pensamento conservador no B. Kenneth Simon Center for Principles and Politics da Heritage Foundation e autor de vários livros, incluindo Just Right: a life in pursuit of liberty. Paul Mosimann é pós-graduando no Programa de Jovens Líderes da Heritage Foundation. Tradução: Marcio Antonio Campos.

© 2019 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.

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