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Muitas empresas encheram os espaços dos eventos paralelos da conferência para anunciar seu entendimento e compromisso com a conservação da biodiversidade

O fechamento da 10.ª Conferência das Partes (COP-10) da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica em Nagoya, Japão, representa mais um passo importante na consolidação da conservação da biodiversidade na agenda das prioridades mundiais.

Ao mesmo tempo em que um grande volume de trabalhos fortalece o conceito de avaliação dos serviços ambientais ofertados pelas áreas conservadas e o custo da degradação, com a decorrente indisponibilidade destes serviços, muitas empresas encheram os espaços dos eventos paralelos dessa conferência para anunciar, na qualidade de protagonistas, seu entendimento e compromisso com a conservação da biodiversidade.

A presença das empresas está se tornando comum nas conferências. E nessa COP, um questionamento fundamental tomou conta das discussões decorrentes das exposições realizadas: até que ponto a iniciativa apresentada por cada um desses representantes do setor privado correspondia com um esforço suficiente para fazer frente aos impactos causados por suas atividades? De fato, não havia elementos para fazer frente a esses questionamentos. Foi intensa a cobrança por instrumentos de mensuração. E as respostas obtidas, em geral, foram evasivas.

Uma reação a essas discussões e que representou um fato muito relevante, em especial pela inexistência de outros modelos práticos, foi a apresentação de um novo instrumento para estimular empresas a investir em ações de conservação da biodiversidade. Trata-se da certificação Life. Nascida no Brasil em 2009, ela teve seu espaço na COP-10, com a presença de renomados cientistas e ícones mundiais da conservação.

A certificação Life se baseia na avaliação das atividades de empresas e das características de sua gestão ambiental. A partir desta mensuração, é estabelecido um peso que permite designar e qualificar que ações em conservação da biodiversidade a empresa precisará realizar para merecer tal certificação. Um instrumento que poderá garantir uma ampliação exponencial nos investimentos privados em prol da conservação da biodiversidade – dentro de uma premissa de uma certificação internacional, nascida no Brasil e já com o início da geração de regulamentos para o Paraguai e a Argentina.

Ainda que em seus primeiros passos, todos os apoiadores e executores da certificação Life devem comemorar intensamente seu envolvimento numa iniciativa sem precedentes, tão arrojada quanto necessária. Quem sabe sua empresa em breve também estará preparada para este novo enfoque dos negócios, para garantir o seu futuro? Aqui em Nagoya, depois do que se passou, isso parece bastante próximo de acontecer.

Clóvis Borges é diretor executivo da organização não-governamental Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).

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