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Homens e mulheres são profundamente iguais e profundamente diferentes. Complementares, são corresponsáveis diante da família, sociedade, empresas, governos e cultura pluralista. Porém, na etapa escolar, meninos e a meninas diferem em seus ritmos de maturação, em seus interesses, inquietudes, gostos, formas de socializar-se, de reagir diante de idênticos estímulos, maneiras de brincar, afetividade e comportamento.

Determinando diferentes formas de aprendizagem, exigindo aplicação de métodos e técnicas pedagógicas diferentes para meninos e para meninas. A velocidade de maturação, cerebral e física é distinta. As meninas amadurecem antes. Nas meninas a parte do cérebro destinada às habilidades linguísticas, o hemisfério esquerdo, desde os seis meses de idade já mostra mais atividade elétrica quando escutam sons linguísticos. Quando começam a falar articulam melhor as palavras, criam frases mais longas e complexas, falam mais e com maior fluidez. E, ao contrário dos meninos, encontram mais facilidade para escrever durante os primeiros anos escolares. Os meninos requerem uma atenção diferenciada para sua compreensão leitora. O desenvolvimento corporal (e o psíquico) das meninas é de 2 anos antes dos meninos. Na puberdade os meninos vivem "dominados" pelas meninas. Eles, em geral, reagem com excessos de violência, dificultando a convivência em sala de aula. Os meninos tímidos retraem-se, isolando-se em suas relações com as meninas.

Segundo Nicole Moscomi, professora de Pedagogia na Universidade de Paris, "estes estereótipos ficam reforçados nas escolas onde se desprezam as diferenças entre os sexos e de dar um tratamento idêntico a meninos e meninas. O que, além disso, provoca um distanciamento entre meninos e meninas, não só psicológico como também físico. Basta observar, como apontam vários professores, a tendência espontânea em sala de aula, de se agruparem por sexos separadamente". Os meninos são dedutivos e as meninas são indutivas. Os meninos costumam partir de uma regra geral para tirar consequências e chegar a conclusões. As meninas percebem detalhes, partem de pequenos dados, exemplos, para chegar a uma conclusão ou regra geral. Os meninos preferem e retêm melhor os dados objetivos (datas concretas, dados exatos), enquanto que as meninas fixam com maior facilidade os dados subjetivos (historietas, contos, os segredos, as reações pessoais). Expressam-se desenhando, de maneiras diferentes. Desenhos de meninas costumam ser fortemente coloridos (tons cálidos): uma boneca, uma flor, minha mamãe, meu papai, minha casa. Meninos utilizam mais cores de tons frios (preto, cinza e azul escuro). Suas figuras são de movimento, carros zarpando, aviões em queda, dragões.

Nas brincadeiras e jogos os meninos são guerreiros. As meninas negociadoras. Brincam separadamente e de formas diferentes. Eles gostam de atividades arriscadas e, se possível, com "emoções fortes". Jogos ativos competitivos e com clara definição de ganhadores e perdedores. Acatam as regras dos jogos. Querem se tornar um herói diante dos amigos para ter seu "status", serem respeitados dentro do grupo. Estabelecem uma "hierarquia de dominação".

Pelo contrário, as meninas fogem do risco, são mais precavidas. A realização de atividades aloucadas e arriscadas está mal vistas pelo grupo de amigas. "Não é vital o ganhar, mas sim o sair-se bem." Formam grupos reduzidos, não hierárquicos, sem líderes. Buscam ser aceitas e queridas por todas, sensíveis às suas mútuas necessidades. Raramente competem. Optam por manter a harmonia social. A conversação na amizade feminina é um componente essencial, e a intimidade é a chave, oposto dos meninos.

A afetividade, em geral, é manifestada distintamente: Nas meninas, a delicadeza, a atenção aos detalhes e ao emocional. São capazes de estudar e portar-se bem em classe por carinho a sua professora. Coisa impensável nos meninos caracterizados a partir de certa idade pela rudeza, dureza e insensibilidade. No grupo costumam desqualificar a vida afetiva. Mais tarde, na idade adulta, aparecerá mais amiúde a ternura masculina, ainda que suas manifestações sigam sendo muito diferentes às das mulheres.

A educação diferenciada por sexo é uma opção pedagógica que busca atender à diversidade entre meninos e meninas. Homem e mulher têm a mesma dignidade e os mesmos direitos, mas apresentam diferenças que afetam sua pessoa e seu modo educativo. Os dados de rendimento acadêmico das escolas diferenciadas são acentuados. Numerosas pesquisas científicas o provam. Os últimos dados sobre os resultados acadêmicos das 500 melhores escolas estatais da Grã Bretanha podem comprovar facilmente que neste último ano entre as 50 melhores escolas, 36 eram só de meninos ou só de meninas. E nos últimos cinco anos, 94% das 25 melhores escolas ofereciam também ensino diferenciado. Não é casualidade que existam 241.971 escolas de educação diferenciada por sexos em mais de 70 países, onde estudam mais de 46 milhões de alunos e alunas.

Valdir Fernandes, biólogo e pedagogo, é mestre em Zoologia pela USP. Email:valdirfernan@gmail.com.

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