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Recentemente, Jaron Lanier, precursor da realidade virtual, alertou a todos: saiam das redes sociais ou cobrem para estar nela. Cada usuário oferece de graça informações pessoais à internet, que vão ser transformadas em publicidade para eles mesmos e também vão servir de informação para o desenvolvimento de inteligências artificias cada vez mais sofisticadas que, futuramente, vão ocupar as profissões na sociedade.

Paul Virilio, em sua vida de estudos sobre a tecnologia, sempre aconselhou o ser humano a não esquecer do berço da tecnologia: a indústria bélica. Não se pode ser ingênuo o suficiente em achar que o GPS, os famosos drones ou quaisquer microchips, são desenvolvidos em prol da população. Estratégias são muitas. Intenções são muitas. A corrida do poder bélico é insana. E atualmente, o sobrenome da tecnologia é “controle”.

Há uma grande chance de a rede social conhecer mais sobre o usuário do que a própria mãe dele

Esse controle transforma o usuário das redes sociais em um número, que registra as fotos, os vídeos, os interesses, gostos, ideais, etc. Há uma grande chance de a rede social conhecer mais sobre esse usuário do que a própria mãe dele. E acredite, essa rede social “mima” mais esse usuário do que seus próprios pais. Assim nascem o que tem se chamado de “bolhas”: um indivíduo que só recebe as informações que lhe convém, que reafirmam seus pensamentos, sejam eles totalitários ou não. Provavelmente, cada usuário assíduo das redes sociais, por exemplo, nas eleições passadas, teve uma percepção diferente dos resultados da porcentagem dos votos, seja para um candidato e seja para outro. As redes sociais digitais são o lago de Narciso.

Junito Brandão, estudioso da mitologia, já demonstrou que do radical de “narciso” deriva também “narcos”; “narcóticos”. Malena Contrera, estudiosa da comunicação, ainda revela que não é à toa que chamamos os indivíduos das redes sociais digitais de usuários. Estaríamos todos drogados?

Leia também: A tecnologia é má? (artigo de David Brooks, publicado em 4 de dezembro de 2017)

Leia também: A tecnologia, a Internet e a perda de privacidade (artigo de Fernando Matesco, publicado em 30 de maio de 2018)

Segundo a pesquisa da World Federation of Societies of Anaesthesiologists, o uso de 30 minutos de um iPad por crianças possui o mesmo efeito que o sedativo Midazolam, cuja utilização reduz a ansiedade no processo pré-operatório. Ambos atenuam a ansiedade dos indivíduos. Para a medicina, é uma ótima notícia. Mas, e no cotidiano? Hoje, grande parte do dia de um indivíduo é na frente desses aparatos, nessas redes sociais. Imagine: não na escala de 30 minutos, mas nas de horas, dias, semanas, anos...

Interessante perceber que, nos últimos 45 anos, a tecnologia cresceu de forma vertiginosa. A década de 1970 foi o início para tudo o que vemos hoje nas lojas. Curiosamente, a partir dos anos 1970, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice de suicídio aumentou cerca de 60%. Eis o mesmo destino de Narciso. É hora de rever o uso da tecnologia no mundo.

Leonardo Torres é doutorando e mestre em Comunicação e Cultura Midiática, palestrante e professor universitário.
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