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O título deste artigo pode parecer uma pergunta descabida, uma brincadeira de mau gosto ou uma simples provocação, mas não é. Essa indagação, com ares de extrema preocupação, me foi feita durante um debate, por um jovem advogado ligado aos direitos humanos e que, naquela ocasião, debatia comigo as modificações que o PL 3.722/12 traria à legislação sobre armas e munições no Brasil. A indignação de todos os presentes foi imediata e mesmo eu, já tão acostumado a ouvir mentiras e bobagens desarmamentistas, só fui capaz de dizer: “eu não ouvi isso, eu não ouvi isso”...

Não seria a última vez que isso ocorreria – aliás, nem foi a primeira –, mas na maioria das vezes isso vem disfarçado de uma das mais recorrentes relativizações do momento: a de que não é possível definir “cidadão de bem”. Ora: nessa lógica, se não é possível definir “cidadão de bem”, possível também não é definir bandido. Sem essa diferenciação todos são iguais! Isso mesmo, meu amigo: se você trabalha, estuda, cuida de seus filhos e não comete nenhum crime, para esse pessoal sua vida vale tanto quanto a de alguém que mete o pé na sua porta, bate, tortura, estupra sua mulher e mata seus filhos. Chocante, mas real.

Se não é possível definir “cidadão de bem”, possível também não é definir bandido

E nessa corrente nadam de braçada os desarmamentistas, que estão em verdadeira histeria após a aprovação do PL 3.722/12 na Comissão Especial da Câmara que devolverá o direito do cidadão, desde que atendidos todos os requisitos da lei (e não são poucos!), de possuir ou portar uma arma de fogo para defesa da sua vida, para defesa da sua família e de seu patrimônio conquistado a duras penas. Mas como aceitar que você defenda a vida dos seus filhos, da sua esposa ou até mesmo de algum vizinho em apuros se, no fundo, não é possível determinar quem é “do bem” e quem é “do mal”? Para o pessoal que advoga – muitas vezes contando com gordas verbas estatais e de ONGs estrangeiras, ou ainda dentro de seus carros blindados e contando com escolta armada – pela manutenção do Estatuto do Desarmamento, isso não importa. Afinal, se o bandido for morto por você, isso é tão grave quanto se você fosse morto pelo bandido. É um pensamento doentio, beirando a psicopatia.

E, neste rastro incompreensível para qualquer pessoa com um mínimo de valores morais, ainda surgem os sempre presentes números mágicos, como a afirmação de que a maioria dos homicídios ocorre por motivos banais, fúteis, em brigas de trânsito e de bar. Quem realmente acredita nisso? E como é possível afirmar qualquer coisa neste sentido se 92% de todos os homicídios não são esclarecidos? Não podem. É mentira! E não nos esqueçamos de que nas tais mortes por motivos fúteis ou banais estão os acertos de contas entre traficantes, cobrança de dívidas de drogas, guerra de quadrilhas e homicídios por encomenda.

Ninguém aqui está querendo uma arma para fazer o papel do Estado na segurança pública, e muito menos para fazer justiça com as próprias mãos. Quem deseja uma arma busca a sobrevivência em um país onde, para muitos, só a vida do bandido – coitadinho e vítima da sociedade – é que importa.

Bene Barbosa é presidente do Movimento Viva Brasil e coautor de Mentiram para mim sobre o desarmamento.
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