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A EAD é uma modalidade de educação inclusiva e democrática, que deve ser percebida como uma alternativa de acesso ao conhecimento

Imersos que estamos no projeto de transformar o Brasil por meio da educação, devemos sempre desconfiar de antigas ideias e falsos paradigmas. Num país de dimensões continentais, que amarga um atraso histórico no cenário do ensino, os avanços nessa área devem ser avaliados num espectro muito mais amplo que a educação dita convencional. A Educação a Distância (EAD) é um grande processo de inclusão tardia de trabalhadores no ensino superior. Visto com desconfiança por alguns segmentos retrógrados da sociedade, o ensino a distância, de forma relativa, pode ser até mais eficiente do que o presencial.

Seja por causa de longos deslocamentos, pela necessidade de entrar no mercado de trabalho – mesmo sem formação – precocemente, pelo custo das faculdades particulares, o ingresso no ensino superior sempre foi um degrau alto demais para parte dos brasileiros. A EAD é uma modalidade de educação inclusiva e democrática, que deve ser percebida como uma alternativa de acesso ao conhecimento, principalmente para uma parcela da população cuja formação profissional era um sonho distante.

O ensino a distância é particularmente eficaz para pessoas mais experientes, que têm necessidade de formação e enxergam nele uma oportunidade de alcançar seu intuito. De forma geral, o perfil do aluno EAD o credencia para um estudo comprometido com os resultados: são trabalhadores de baixa renda, que moram com a família e que têm em média 30 anos. São homens e mulheres que não conseguiram fazer curso superior na idade considerada adequada pelo Ministério da Educação (MEC), que é entre 18 a 24 anos, por isso mesmo são comprometidos com seus cursos, dedicando um grande número de horas semanais para os estudos, aulas e leituras necessárias à sua formação.

Um dos mitos é pensar que um curso de EAD é mais fácil que um curso presencial. Em qualquer modalidade, a atitude do aluno é o fator mais importante no processo ensino-aprendizagem. No EAD, o aluno precisa se esforçar mais para acompanhar o ritmo da aprendizagem e isso implica ler mais, resolver mais exercícios e fazer atividades frequentes. Por isso, como mostram os números, os alunos se saem melhor no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) em relação aos alunos do presencial.

As resistências estão focadas no preconceito. Os cursos de EAD são supervisionados pelo MEC e o aluno passa pela mesma avaliação de quem cursa a modalidade presencial. Não há como negar que a tecnologia encurtou as distâncias facilitando o acesso à educação. Uma pessoa já não está mais isolada geograficamente do conhecimento. Na graduação a distância, guardando algumas diferenças entre uma instituição e outra, o aluno tem a opção de assistir às aulas no polo ao vivo, via satélite, por meio de DVD ou pela internet. As aulas são transmitidas a partir de estúdios modernos com os mais inovadores recursos e o aluno recebe o suporte de um tutor vinculado à Anated (Associação Nacional dos Tutores da Educação a Distância), uma entidade que congrega os profissionais que atuam diretamente na EAD.

Atualmente, há no Brasil cerca de 1 milhão de alunos matriculados nos cursos autorizados na modalidade a distância. Esse número chega a 2,5 milhões se forem considerados os cursos livres e corporativos na mesma modalidade. Uma pequena revolução que está levando educação de qualidade a todas as regiões do país – onde houver um sinal de tevê ou uma conexão de internet. O mercado que absorve os profissionais oriundos da EAD os reconhece como plenamente habilitados. É preciso que olhemos para o futuro, corrigindo eventuais erros de rota, mas reconhecendo que o ensino a distância representa oportunidade e democratização do ensino num país ainda tão carente de educação.

Benhur Gaio, mestre e doutor em Engenharia da Produção, é pós-doutor em Educação a Distância pela Universidade Nacional de Educação a Distância da Espanha (Uned) e coordenador de graduação e pós-graduação EAD do Grupo Educacional Uninter.

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