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O novo vírus influenza H1N1 causador da pandemia de 2009 é a quarta geração descendente do vírus de 1918. Re­­conhecer que após 91 anos do evento da influenza estamos novamente vivendo uma pandemia é desanimador. A atual pandemia está sendo acompanhada sem precedentes pelo mundo: os números, a disseminação e os casos fatais certamente deixam a comunidade da área da saúde e a sociedade em geral apreensiva. Este momento nos leva a uma re­­flexão sobre o sistema de saúde, sobre a necessidade de mudanças de hábitos e de educação sanitária. Com relação ao sistema de saúde que já trabalha no limite de sua capacidade ou acima dele, temos que repensar quanto tem sido investido na área de saúde nas esferas federal, estadual e municipal. Também é im­­portante lembrar que enquanto ocorre a pandemia, outras enfermidades também estão acontecendo; ou seja, a estrutura disponível está sobrecarregada. A boa notícia é que se sabe que pandemias sucessivas parecem reduzir sua severidade com passar do tempo. Esta redução é consequência, em parte, do avanço da medicina e da saúde pública, mas pode também pode ser efeito da própria evolução viral, a qual busca uma ótima transmissibilidade com mínima patogenicidade, pois o vírus que mata seus hospedeiros ou leva-os ao leito não possui transmissão ótima.

Na era da medicina baseada em evidências e da informação acessível, o desafio de uma doença infectocontagiosa de rápida evolução, associado ao dilema da não disponibilidade da confirmação diagnóstica em tempo hábil, angustia profundamente tanto médicos como pacientes, pois restam apenas critérios clínicos acrescidos de dados epidemiológicos para o diagnóstico e o tratamento específico. Portanto, nossa principal arma é a prevenção.

A mudança de hábito é fundamental para o enfrentamento desta pandemia. Temos de prevenir a transmissão dessa gripe e de outras infecções respiratórias através da higiene frequente das mãos, do uso de máscaras, da limpeza e da ventilação dos ambientes, de hábitos de proteção da tosse para evitar a dispersão de gotículas respiratórias, do uso de lenços descartáveis e da higiene das mãos após tosse e es­­pirros. A pessoa infectada deve seguir rigoro­­samente a orientação de isolamento domiciliar e utilizar máscara a fim de evitar a transmissão, no seu domicílio. Deve, ainda, intensi­­ficar a higiene com uso de álcool a 70%. A trans­­missão deste vírus ocorre por contato direto e próximo (menos de 1 metro) com o in­­fectado ou através de superfícies contaminadas. Cada pessoa pode e deve fazer a sua par­­te para o controle desta pandemia, este não é um problema apenas das autoridades de saúde, mas da comunidade em geral.

Nas escolas, assim como nos locais de trabalho, deve-se atuar mais firmemente na incorporação de hábitos de higiene básicos. A educação sanitária deve ser matéria incluída em todas as escolas, para ensinarmos nossos alunos a técnica correta de higiene das mãos e as situações em que esta higiene é necessária. Também é importante que os estudantes recebam conhecimentos básicos sobre a transmissão das doenças e que saibam como preveni-las. Dessa forma, nossa sociedade estará mais preparada para enfrentar situações como esta.

Neste momento precisamos manter a tranquilidade, o bom-senso e a cautela. Isso sem esquecer que algumas medidas mais drásticas de distanciamento social são necessárias, como já estão ocorrendo com as escolas e universidades, pois para controlar uma pandemia segundo conceitos de epidemiologia é preciso fazer tudo na medida correta, no tempo correto e da forma correta.

Heloisa Ihle Garcia Giamberardino, pediatra especialista em Epidemiologia e Controle de Infecção, é coordenadora do Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção do Hospital Pequeno Príncipe.

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