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Cientistas defensores das pesquisas em animais afirmam que somente eles mesmos podem discutir se devemos ou não continuar com tais práticas. Dizemos, sem medo de errar: não é preciso ser um médico ou cientista para dizer que refutamos os testes em seres humanos sem a sua concessão. Da mesma forma, não é preciso ser experimentador para discutir o quanto a pesquisas são nocivas, antiéticas e preconceituosas com os animais.

O argumento principal de quem defende a exploração de animais em pesquisas é que, por seus organismos apresentarem várias semelhanças com os dos humanos, podem apresentar reações semelhantes às nossas, o que os tornaria uma grande fonte de conhecimento. Não é difícil questionar a eficácia desses experimentos. As grandes catástrofes farmacológicas foram previamente testadas em animais, assim como técnicas medicinais com graves erros e irreversíveis, além de uma série de substâncias altamente tóxicas e prejudiciais à saúde humana, mas que somente daqui há alguns anos serão detectadas. Tudo isso indica a falácia científica de tais testes.

Albert Sabin declarou que as primeiras doses da vacina contra a pólio aplicadas em seres humanos mataram as pessoas que as recebera, porém nada acontecera nos testes anteriores, com animais. Mais importante ainda é entendermos o fundamento da objeção à experimentação animal, independentemente de seus resultados. Se os animais são semelhantes aos humanos (mas não iguais!), não deveriam merecer semelhante consideração para não serem submetidos à dor, ao trauma físico, à humilhação, ao temor, à morte com hora marcada? É difícil imaginar, para a questão, uma resposta que defenda a pesquisa em animais sem que sejam usados argumentos incoerentes e tendenciosos. Afinal, a natureza equipou os animais com uma fonte de sentimentos para que eles não sintam nada? Será que teremos de engolir a falácia de que animais têm nervos mas são insensíveis? A lógica e a razão não admitem tal possibilidade.

Na verdade, além de movimentar bilhões de dólares, os testes em animais servem para evitar processos milionários que pesquisadores e empresas responderiam pelas reações adversas, muitas vezes irreversíveis e mortais, aos seres humanos quando do lançamento de seus produtos e técnicas no mercado. "Leis" e "códigos de ética" por eles criados lhes dão respaldo pelo fato de os medicamentos terem sido previamente testados.

Diante desse cenário, da incoerência e da resistência aos novos conceitos, podemos observar a triste mas real situação de pessoas que, quando crianças, pediam aos pais permissão para adotar um bichinho abandonado, por compaixão, mas hoje, pela cultura de continuismo e retrocesso, alimentada por "mestres" e "doutores", submetem ratos, gatos, porcos, sapos, cachorros, coelhos e outros animais a verdadeiras sessões de tortura. As práticas vão de privações até fraturas, ou mesmo o simples "abrir e fechar" para aprender "técnicas", que bem poderiam empregar métodos substitutivos, já desenvolvidos e comprovadamente eficazes.

Relatos demonstram que os próprios estudantes das áreas biológicas, quando expostos pela primeira vez a tais procedimentos, sentem-se incomodados e contrariados, mas por vergonha e medo, submetem-se ao processo "invisível" da dessensibilização ou abandonam seus cursos.

Talvez, uma frase de Thomas Edison, famoso cientista norte- americano, resuma o porquê de cada vez mais pessoas desaprovarem a experimentação animal: "A não-violência nos leva à mais alta ética, que é objetivo de toda a evolução. Até pararmos de ferir outros seres vivos, seremos ainda selvagens."

Ricardo Laurino é membro da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) de Curitiba – Grupo Curyi.

Rosana Vicente Gnipper, psicóloga, é presidente do Movimento SOS Bicho de Proteção Animal.

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