No dia 6 de outubro de 2024, novamente somos chamados a exercer o nosso direito de escolher os governantes que comandarão o poder municipal pelos próximos quatro anos. Homens, mulheres e demais gêneros, com idade entre 18 e 69 anos, como reza a Constituição de 1988, são obrigados a comparecer às urnas e depositar seu voto. Já para os seres humanos na faixa etária de 16 e 17 anos e os com idade igual ou acima de 70 anos, o direito de praticar sua cidadania, por meio do voto, é facultativo. Vai quem quer, ou deseja. Se não for, não haverá punições legais. Em 2024, como todos sabem, elegeremos através do voto os futuros prefeitos e vereadores dos 5.570 municípios brasileiros dentre os candidatos que disputam os pleitos.
Dentro do clima de ódio que se estabeleceu na nossa sociedade, via principalmente redes sociais, a campanha em certos lugares se desenvolve – particularmente na cidade de São Paulo, a mais importante cidade do país – entre agressões verbais, xingamentos, notícias falsas, socos e cadeiradas, dignos de um campeonato de futebol de presidiários. Civilidade, compostura e educação seria o mínimo a se esperar de quem se coloca para governar o destino de milhares, centenas de milhares e até mesmo milhões de pessoas que lutam todos os dias para ter e dar uma vida digna para sua família.
E, sejamos justos, pessoas que pouco ou nada recebem do poder público em termos de escolas decentes, cuidados com a saúde, transporte público adequado, moradias dignas e segurança para seu ir e vir diário. O que podemos esperar dessa classe política? São eles os legítimos representantes do povo? Até quando o meu voto será no menos ruim e não no melhor, no mais preparado ou preparada, naquele ou naquela que, efetivamente, será um servidor público e não usará seu cargo para se servir do público.
É uma vergonha o que estamos assistindo, não que a violência tenha começado nesta campanha; não: ela está instalada na nossa sociedade. Segundo dados publicados, de 2020 até 2024, 36 vereadores e 3 prefeitos foram assassinados no exercício de seus mandatos. Além disso, foi noticiado que dezenas de candidatos têm processos na Justiça, alguns já julgados. Neste quadro, será que podemos esperar alguma mudança significativa em nossa classe política?
É certo que não podemos e não devemos generalizar. Certamente existem políticos e candidatos que são de boa índole, de boa família, comprometidos com o bem-estar da população, prestando um serviço público digno e adequado, que aliás, o povo merece, pois é ele que paga, através dos impostos, toda essa classe política: os maus e os bons. Cabe a nós, povo, mais essa tarefa: escolher com muito cuidado em quais candidatos estamos depositando nosso voto, quem estamos elegendo, quem merece tomar conta de nossa cidade.
E, uma vez passada a eleição, devemos exercer nosso papel de fiscais do poder público. O povo deve aumentar a sua voz, por meio de seus representantes, os vereadores, que devem lutar para atender às legítimas necessidades da população. Na hora de votar, pense bem, não desperdice seu voto, as consequências podem durar quatro longos anos.
Celso Tracco é escritor, economista, teólogo e palestrante.
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