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As intenções governamentais no que se refere à melhoria do ensino médio não saem do papel, e nem dos cofres. Por quê? Todo professor de ensino médio já ouviu falar sobre o programa do MEC para a melhoria do ensino médio – o Ensino Médio Inovador –, com verbas para o desenvolvimento de novas formas metodológicas de aprendizagem a partir da aquisição de novos equipamentos, por exemplo, com a criação de uma rádio na escola, de um grêmio estudantil e tantas outras formas ligadas às demais áreas do conhecimento.

O peixe foi vendido, as forças dos professores das diversas escolas espalhadas Brasil afora foram direcionadas para uma reorganização metodológica necessária para que a verba prometida fosse oferecida. Minha escola, por exemplo, dedicou-se por todo um bimestre, e muitos foram os profissionais que dedicaram tempo extra para que toda a documentação fosse entregue dentro do prazo. Fomos atrás do melhor preço sem perder a qualidade dos equipamentos novos a serem adquiridos. Pois, se há alguém preocupado em melhorar a metodologia de aprendizagem também a partir da aquisição de novos equipamentos, é, por excelência, o professor.

Recebemos, no entanto, a seguinte informação do MEC: nossa escola não receberia mais a verba pelo fato de que no próximo ano teremos duas turmas a menos (a diminuição seria por volta de 50 alunos). Pediram, inclusive, que fizéssemos um replanejamento para adaptá-lo ao novo número de alunos. E as escolas que tivessem aumento de alunos também não receberiam. E é a partir daqui que surgem alguns questionamentos:

Nossa escola conta atualmente com 700 alunos; estamos certos de que 50 alunos a menos não alterariam nada na nova organização metodológica e nem no número dos equipamentos a serem adquiridos. Pela falta de 50, outros 650 deixarão de crescer no desenvolvimento da aprendizagem. Pela ausência de 50, prejudicar 650 é justo? Eles não têm direitos? Não pagam impostos?

Se a verba é destinada à educação, não estamos mendigando nada. Só queremos aquilo que, por direito, é nosso. E a verba que não veio para o nosso colégio, para onde vai? A pergunta parece ser inocente, mas não é! Falta transparência ou não falta?

Fomos muito elogiados pela organização apresentada, pelos projetos realizados, mas de que adianta se não nos mandam o dinheiro para colocá-los em prática? Não seria o momento de rever os critérios para a destinação da verba?

A negação dessa verba por parte do governo federal será cobrada pelos professores das escolas que foram afetadas. Pois não estamos mendigando, mas exigindo que se cumpra o que, no discurso, se faz presente. Mais investimento na educação como resposta às nossas deficiências educacionais pela ausência de recursos, e aos altos impostos que pagamos.

Paulo Sérgio de Faria, mestre em Filosofia e especialista em Informática na Educação e Comunicação Social, é professor de ensino fundamental, médio e superior.

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