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 | Gilberto Abelha/Arquivo Jornal de Londrina
| Foto: Gilberto Abelha/Arquivo Jornal de Londrina

A inovação no setor público envolve elementos menos diretos e objetivos do que a promovida no setor privado, em que prevalece a lógica do lucro. Para a inovação no setor público, fatores como retorno social e ganhos para a sociedade precisam se fazer presentes. Olhando para o meio externo, o setor público – por meio da inovação – pode vir a oferecer mais e melhores produtos e serviços. Olhando para dentro da administração pública, a inovação pode levar a um necessário e desejado aumento da produtividade, conduzindo ao “fazer mais com menos”. É certo que, se os objetivos de uma gestão pública se fizerem claramente estabelecidos e compreendidos, eles podem ser desdobrados em ações e atividades para cada funcionário, mediante metas, indicadores alcançados e prazos bem definidos e executados. Só isso já levaria a um aumento no desempenho e na redução da possível ociosidade.

A inovação no setor público pode, também, mapear e rever os processos, assegurando ganhos imediatos de produtividade. Nesse percurso, pode-se identificar as competências necessárias e oferecer os treinamentos mais adequados para desenvolvê-las. A esse respeito, convém dizer que a rigidez estrutural do setor público é muito menos propensa a adequações do que a estrutura mais flexível do setor privado.

As interações universidade-indústria-governo podem ser chave para a inovação no setor público

O aspecto orçamentário e a sua execução também merecem destaque diferente do setor privado, em que o limite orçamentário é apresentado e executado. No entanto, com o devido planejamento e com inovação nos processos, pode-se reduzir os custos transacionais do setor público e viabilizar a execução de atividades e ações com excelente eficiência.

Nosso setor público, tão carente de melhor desempenho, pode se valer da inovação de concepção (nova missão, visão, objetivos, estratégias) e mudança radical de racionalidade, inovação de produtos/serviços, inovação de processos internos de gestão, bem como inovação administrativa e organizacional (reorganização de sistemas inovadores internos).

No fim, pode-se aferir as metas alcançadas e identificar objetivamente os aspectos que possibilitaram resultados bem-sucedidos. Entre outros aspectos, são exemplos, internamente: a determinação/prioridade política dos dirigentes; o empenho dos gestores do órgão; a disposição, o engajamento e o comprometimento dos funcionários; a aplicação da meritocracia na ascensão profissional; a disponibilidade de recursos (materiais, financeiros, técnicos). E, externamente: a participação conjunta do setor privado; a participação cooperada de universidades e institutos de pesquisa; a coparticipação de outros órgãos ou atores públicos.

Leia também: O custo do atraso no setor público (editorial de 2 de janeiro de 2018)

Leia também: DNA de inovação (artigo de Marcos Cintra, publicado em 24 de maio de 2017)

O Paraná tem um sistema de ensino superior único, dotado de universidades públicas e privadas, bem distribuídas regionalmente. Aqui no estado, o modelo da “Hélice Tríplice” tem uma condição ímpar para estar no centro da geração de inovação e no empreendedorismo, sendo recomendado para o estabelecimento de políticas e práticas nos âmbitos local e regional. As interações universidade-indústria-governo, que formam uma hélice tríplice de inovação e empreendedorismo, podem ser chave para o estabelecimento de inovação no setor público voltado ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social, baseados no conhecimento. A Hélice Tríplice provê metodologia para examinar pontos fortes e fracos, locais e regionais, preenchendo lacunas nas relações entre universidades, governos e indústrias. O seu objetivo é desenvolver uma estratégia de inovação e empreendedorismo bem-sucedida, que beneficie a sociedade pelo desenvolvimento de programas e projetos inovadores, adequados às características das regiões e dos locais. Com isso, além da sociedade, ganhariam as universidades, os governos e as indústrias, que passariam a atuar de forma cooperada e em colaboração, voltando-se a um objetivo comum: o desenvolvimento social, econômico, científico e tecnológico do Paraná.

O papel central dos governos tende a ser sempre estratégico, por ser ele um ator capaz de regular as ações econômicas e suprir as necessidades dos cidadãos com diversos bens e serviços públicos, que podem ser progressivamente melhores. Assim, a geração de inovação no setor público tende a assumir caráter mais que estratégico em suas ações, ao ensejar maior eficiência na sua atividade e possibilitar ganhos crescentes para a sociedade.

Marcos de Lacerda Pessoa, mestre, Ph.D. e pós-doutor em Engenharia, é superintendente de Inovação da Copel, autor de “Sementeira de Inovação” e organizador e editor de “Pinceladas de Inovação”.
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