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 | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

A maior parte dos brasileiros apoia a prisão de réus condenados em segunda instância, de acordo com pesquisa Datafolha. O levantamento mostra que 57% consideram justa a prisão após condenação confirmada em segunda instância.

A Operação Lava Jato, por seu turno, mereceu amplo endosso dos entrevistados. Oitenta e quatro em cada 100 pessoas julgam que as investigações devem continuar. A corrupção voltou a ser apontada como o maior problema do país, citada por 21% e empatada tecnicamente com a saúde (19%).

O Brasil pode sair do atoleiro dos malfeitos graças ao formidável apoio da sociedade às instituições que, efetivamente, combatem o câncer que corrói a cidadania. Não sou cabotino se destaco o papel dos jornais na batalha contra a histórica impunidade.

A democracia reclama um jornalismo vigoroso e independente. A agenda pública é determinada pela imprensa tradicional. Não há um único assunto relevante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo de qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam as redes sociais para reverberar, multiplicar, e cumprem assim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de conteúdo independentes. Sem elas a democracia não funciona. Por isso são tão fustigadas pelos que costuram projetos autoritários de poder.

Os jornais, de fato, determinam a agenda pública e fortalecem a democracia

A sociedade precisa acordar para a importância dos diários. Vivemos um momento duríssimo. Mas sairemos do túnel sombrio da corrupção e do recente autoritarismo petista graças à firmeza e ao espírito público dos nossos jornais. Sem eles, não duvido, teríamos desembocado no colapso institucional que destruiu a Venezuela.

A Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário estão escrevendo um belo capítulo da nossa história. E os jornais estão cumprindo seu papel. Rasgaram a embalagem marqueteira e mostraram o produto real. Lula, Dilma, Aécio Neves, Eduardo Cunha, entre outros, despidos das lantejoulas do marketing da mentira, deixaram uma imagem lamentável. Sem os jornais não teríamos chegado ao divisor de águas.

E sem jornais a democracia não funciona. O jornalismo não é antinada. Mas também não é neutro. É um espaço de contraponto. Seu compromisso não está vinculado aos ventos passageiros da política e dos partidarismos. Sua agenda é, ou deveria ser, determinada por valores perenes: liberdade, dignidade humana, respeito às minorias, promoção da livre iniciativa, abertura ao contraditório. O jornalismo sustenta a democracia não com engajamentos espúrios, mas com a força informativa da reportagem e com o farol de uma opinião firme, mas equilibrada e magnânima. A reportagem é, sem dúvida, o coração da mídia.

As notícias que realmente importam, isto é, as que são capazes de alterar os rumos de um país, são fruto não de boatos ou meias-verdades disseminadas de forma irresponsável ou ingênua, mas de um trabalho investigativo feito dentro de rígidos padrões de qualidade, algo que está na essência dos bons jornais.

Leia também: A corrupção invisível no meio acadêmico (artigo de Mariana Rutigliano, publicado em 11 de abril de 2018)

Nossas convicções: O valor da comunicação

Poucas coisas podem ter o impacto que tem o jornal sobre os funcionários públicos corruptos, sobre os políticos que se ligam ao crime, abusam do seu poder, traem os valores e os princípios democráticos. Os jornais, de fato, determinam a agenda pública e fortalecem a democracia. Políticos e governantes com desvios de conduta odeiam os jornais. Mas estes são, de longe, os grandes parceiros da sociedade, a âncora da democracia.

Penso que existe uma crescente demanda de jornalismo puro, de conteúdos editados com rigor, critério e qualidade técnica e ética. Há uma nostalgia de reportagem. É preciso recuperar, num contexto muito mais transparente e interativo, as competências e o fascínio do jornalismo de sempre. A fortaleza do jornal não é só dar notícia, é se adiantar e investir em análise, interpretação, e se valer de sua credibilidade.

Qualidade informativa, rigor, coerência editorial e espírito público edificam a credibilidade e a força da marca. Os jornais sérios fazem algo em que se pode confiar.

Carlos Alberto Di Franco é jornalista.
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