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Já em marcha acelerada para alcançar a metade da segunda década do século 21, a sociedade brasileira, desde os setores diretamente responsáveis pela produção de riquezas aos que se beneficiam das mesmas, isto é, a maioria da população, ainda se ressente da falta de providências definitivas em muitas questões vitais para o desenvolvimento igualitário do país.

Diante desta realidade que retarda o ingresso da economia brasileira no rol dos países industrializados, é imprescindível que as entidades representativas de setores de ponta no processo produtivo não tenham pejo em ocupar os espaços destinados ao debate democrático, tornando suas razões e argumentos não apenas audíveis, mas, acima de tudo, exigindo que os mesmos sejam levados em devida consideração quando se trata de optar pelo melhor caminho a seguir.

Consciente de sua relevância institucional, e motivada pelo peso de sua representatividade, a Associação Comercial do Paraná tomou ao longo do ano posições firmes, não raro inflexíveis sobre questões fundamentais, sobretudo quando estiveram em jogo os sagrados postulados do Estado Democrático de Direito.

Nesse aspecto, investida da condição de entidade de classe do setor produtivo, a ACP não transigiu em momento algum em conduzir-se de acordo com os ditames de sua herança cívica, além de jamais ter-se recusado a participar do diálogo respeitoso e fecundante, na verdade, a fonte mais recomendável para a gestação de alternativas e soluções permanentes.

Todavia, é patente a convicção de que a maior parte das recorrentes lamentações do empresariado se deve à omissão das lideranças civis, na reivindicação sistemática do atendimento de seu direito legítimo de exigir providências que ajudem a remover empecilhos de natureza fiscal ou burocrática, que dificultam a melhoria do ambiente de negócios.

Caso a ação das entidades empresariais seja aglutinada em torno das questões que mais gravemente afetam a coletividade empreendedora, sua voz terá maior repercussão nos círculos de poder. Ao contrário, como é possível perceber nos últimos anos, muitas das conquistas obtidas pelo setor produtivo têm efeito sazonal. Elas podem até resultar de ações bem-intencionadas, mas infelizmente pontuais.

A passividade das lideranças civis é de tal forma preocupante que um de seus resultados notórios é a condescendência com a inércia do governo em agilizar seus instrumentos internos e o próprio Congresso Nacional, seguindo os critérios do jogo democrático, para a aprovação mínima de um conjunto de medidas inadiáveis como as reformas política, tributária e trabalhista.

Tendo em vista que o processo eleitoral de 2014 será novamente utilizado como desculpa para a procrastinação das determinações indispensáveis para o bom funcionamento das instituições e do próprio regime democrático, cabe às lideranças das entidades representativas levar sua tenacidade ao grau máximo na luta pelos avanços qualitativos há muito reclamados.

A responsabilidade de cobrar resultados imediatos das autoridades constituídas é prerrogativa adquirida por aqueles que, apesar dos riscos da atividade econômica, cumprem o dever de produzir, gerar empregos, tributos e renda, enfim, contribuindo com a sua parte na formação da riqueza nacional.

Por estas razões, e por intermédio de suas entidades de classe, estes brasileiros deveriam ter sua voz ouvida e respeitada nos elevados escalões da República.

Edson José Ramon, empresário, é presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP).

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