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Até o ano de 1700, os meios de transporte de pessoas e cargas de que o mundo dispunha eram os pés humanos, o cavalo, a carroça puxada por animais, o barco a remo, o navio à vela e parava por aí. Isso limitava muito tanto a produção quanto o comércio de produtos. Nessa época, as fábricas eram rudimentares, o trabalho era extenuante e a produtividade/hora do trabalho era baixa. A pobreza econômica e o baixo nível de bem-estar social predominavam no mundo. Em 1698, o engenheiro militar inglês Thomas Sarvery criou um motor para uso dentro das fábricas; em 1712, Thomas Newcomen criou uma máquina para uso dentro de minas de carvão e, em 1777, o inglês James Watt criou o motor (ou máquina) a vapor mais importante e ali se deu o início da Primeira Revolução Industrial.

Enquanto uma carruagem viajava a 12 km por hora e tinha que parar trocar os cavalos cansados, o trem de ferro da época viajava sem parar a 45 km por hora. E o mundo nunca mais foi o mesmo. A Inglaterra, a Holanda, a Alemanha, a França (que na época não tinha esse território que tem hoje) e outros países capitanearam a Primeira Revolução Industrial, que foi seguida pela Segunda Revolução Industrial, entre 1840 e 1870, quando a economia explodiu em progresso material e produtividade do trabalho como consequência do uso crescente de barcos a vapor, navios, ferrovias, produção de máquinas em alta escala.

Foram o fracasso econômico e o mar de sangue que levaram ao colapso o comunismo

Foi vendo esse progresso assombroso para a época e as condições de trabalho dos operários que Karl Marx (1818-1883) passou a criticar o capitalismo e propor a revolução comunista operária. Marx acreditava que todo o mal provinha da propriedade privada dos meios de produção, do trabalho assalariado e da liberdade econômica. Embora, Marx não tenha percebido que sem a liberdade e a figura do empreendedor essas duas revoluções não teriam ocorrido, ele percebeu que o comunismo (eliminação da propriedade privada e supressão da liberdade econômica) não teria chance num país atrasado, basicamente agrícola, como era a Rússia. Ele queria o comunismo na Inglaterra.

Marx publicou o Manifesto Comunista em 1848 e O Capital em 1867, época em que não havia eletricidade nem motor a combustão interna (esse dos automóveis, ônibus e caminhões). Ou seja, um mundo que não existe mais, atrasado se comparado aos padrões tecnológicos de hoje. Das ideias de Marx nasceu o marxismo e o movimento esquerdista, que deram base intelectual à revolução comunista (ou socialista, tanto faz) soviética em 1917 e a outras na mesma linha, na China, Cuba, Coreia do Norte etc. O fracasso econômico colossal, as fomes, a miséria e os conflitos começaram a terminar 72 anos depois, em 1989, deixando um rastro de 100 milhões de mortos (segundo estatísticas oficiais) sob a opressão de ditaduras totalitárias. Nunca houve comunismo sem ditadura.

Flávio Gordon: A seita lulopetista (publicado em 28 de janeiro de 2018)

Leia também: O PT e seu apoio a ditaduras (editorial de 25 de julho de 2017)

Foram o fracasso econômico e o mar de sangue que levaram ao colapso o comunismo naqueles países, e o regime foi eliminado não por seus adversários, mas por suas vítimas internas. Em reação ao colapso do comunismo mundial, sobretudo no leste europeu, o movimento esquerdista mundial resolveu renascer, e um dos terrenos férteis para tanto era a América Latina. Assim nasce o Foro de São Paulo (FSP) em 1990, uma conferência de partidos políticos e organizações de esquerda sob a liderança do Partido dos Trabalhadores (PT), cujos líderes diziam que era preciso combater o capitalismo e as ideias neoliberais, ou seja, implantar o comunismo (que gostam de chamar em versão amenizada de “socialismo”).

Os partidos que participaram (e participam) do Foro de São Paulo são: Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Democrático Trabalhista (PDT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Comunista Brasileiro (PCB), Partido Socialista Brasileiro (PSB), entre outros. A questão do Foro de São Paulo veio à tona porque, no debate entre os presidenciáveis na TV Bandeirantes, o candidato Ciro Gomes (PDT) declarou que não conhece o Foro de São Paulo e nunca participou de nada, o que é estranho, pois seu partido esteve lá, na fundação do órgão. Se o candidato conhece e apoia o Foro de São Paulo, resta saber por que ele nega.

Leia também: A integração americana de José Bonifácio e a do Foro de São Paulo (artigo de Rafael Nogueira, publicado em 6 de janeiro de 2017)

Rodrigo Constantino: A esquerda e o crime (publicado em 25 de março de 2018)

Em páginas na Internet, consta que, no ano de 1997, José Dirceu afirmou: “O Foro de São de Paulo foi uma resposta direta, afirmativa, da esquerda latino-americana à crise do socialismo, à queda do Muro de Berlim, à desintegração da União Soviética. Realizamos a primeira reunião em São Paulo, reafirmamos a necessidade da solidariedade entre os movimentos e partidos da América Latina. Reafirmamos nossa vocação socialista, democrática e a nossa vocação latino-americana”.

Diante disso, cabem algumas questões. Se os membros do Foro de São Paulo acham que isso é boa coisa, por que se escondem? Por que eles não vêm a público defender o órgão e suas ideias?

José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo.
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