• Carregando...
 | Janek Skarzynski/AFP
| Foto: Janek Skarzynski/AFP

Também neste ano temos a última chamada para salvar o planeta. Já é um roteiro previsto, que se recita em toda conferência anual sobre o clima sob a égide da ONU, e a reunião deste ano, em Katowice, na Polônia, iniciada no dia 3, não é exceção. Basta passar os olhos nos jornais e no noticiário dos últimos dias, repletos de alarmes e informes que relatam um mundo em agonia por causa do aquecimento global provocado pelo homem e de datas-limite para evitar a catástrofe final que, como sucede com o fim do mundo previsto pelas Testemunhas de Jeová, move-se sempre um pouco mais adiante.

A conferência de Katowice é a COP 24, ou a 24.ª Conferência das partes que aderiram à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC), que entrou em vigor em 1994. O eixo do encontro, que durará duas semanas, é a verificação do Acordo de Paris, de 2015, que prevê o esforço de colocar em prática políticas para conter, até o fim do século, o aumento das temperaturas para menos de 2°C (preferencialmente abaixo de 1,5°C) em relação aos níveis pré-industriais (desde então, em cerca de 200 anos, houve um aumento de 0,9°C).

Neste ano, os dados mais divulgados dizem respeito à previsão de que o limiar psicológico dos 1,5°C pode ser superado já entre 2030 e 2050, e o aumento da concentração de CO2 na atmosfera pode atingir a cifra recorde de 405,5 partes por milhão (ppm), nível jamais alcançado – dizem – nos últimos 3 a 5 milhões de anos.

As previsões de catástrofes são acompanhadas inevitavelmente de lamentações e pressões sobre políticos

As previsões de catástrofes são acompanhadas inevitavelmente de lamentações e pressões sobre políticos, incapazes de tomar as decisões drásticas proporcionais às ameaças que estão para cair sobre a humanidade. E, creia, as medidas políticas e econômicas pedidas para “parar o clima” são draconianas: fim súbito das emissões de CO2 para poder chegar à emissão zero em 2050; reconversão urgente das fontes de energia que devem ser todas renováveis em torno de 20 anos; a redescoberta da madeira como material de construção (e as florestas?), e por aí vai. Quem é o político que, em seu perfeito juízo, investiria boa parte do orçamento estatal para levar o seu povo à época anterior à Revolução Industrial (porque é disso que se trata)? Tudo isso com base em teorias científicas ainda a serem demonstradas, embora se queira fazer crer o contrário.

E, agora, nesses dias em que estaremos amargurados e angustiados pelas previsões catastróficas que culpam cada cidadão, pode valer a pena tomar um antídoto: um livro escrito por um grupo de cientistas italianos que há tempos se opõem a esta histeria coletiva com relação ao clima, e convidam a todos a usar a razão. O livro foi lançado há pouco e se intitula Clima, basta de catastrofismo (ainda sem edição brasileira). Tomemos algumas pílulas, só para ajudar no processo de desintoxicação de previsões catastróficas.

Comecemos pelo gás carbônico, o famigerado CO2: hoje a sua concentração na atmosfera é de pouco mais de 400 ppm; antes da Revolução Industrial, era cerca de 300 ppm. O aumento durante esse tempo foi, portanto, de 100 ppm, que se gostaria de imputar totalmente às atividades humanas. Mas, enquanto a concentração de CO2 aumentou de forma linear, o grande salto no uso de combustíveis fósseis veio depois da Segunda Guerra Mundial, e a temperatura teve muitas altas e baixas. Basta lembrar que nos anos 1970 os alarmes sobre o clima diziam respeito a uma próxima Era do Gelo, e não ao aquecimento. Permanecendo, porém, na concentração, esses 400 ppm são realmente muito? E a eliminação de 100 ppm a partir do início da Revolução Industrial? Cito essa comparação: “A sala de estar de sua casa tem 100 metros cúbicos, ou seja, 100 mil litros: 100 ppm equivalem a 10 litros. Mas 10 litros de gás nas condições normais de temperatura e pressão consistem em menos de meio mol de gás. No caso do CO2, meio mol de carbono significa 6 gramas de carbono, que é o carbono contido em uma velinha de bolo de aniversário. Resumindo: toda a atividade da humanidade inteira dos últimos 160 anos implicou, na sala de estar de sua casa, um aumento de CO2 equivalente ao que se obtém queimando uma velinha. Esta é a consistência do fenômeno de que tanto se fala…”

Leia também: Rota 2030, previsibilidade e segurança jurídica (artigo de Hadler Martines e Fernando Socreppa, publicado em 5 de dezembro de 2018)

Leia também: O equilíbrio climático deve ser uma bandeira apartidária (artigo de André Ferretti e Carlos Rittl, publicado em 21 de outubro de 2018)

Acrescentemos mais alguns dados: não é verdade que os eventos extremos (furacões, tempestades etc.) aumentaram por causa do aquecimento global; “não é preciso confundir a poluição com o aquecimento global”; não é verdade que 97% dos cientistas do clima compartilham a atribuição ao homem como causa do aquecimento global registrado de 1850 até hoje; a história do clima nos diz que houve outros períodos de aquecimento, como por exemplo durante o Império Romano e na Idade Média, que coincidentemente os cientistas chamam “optimum”, pois é favorável a vida humana e a agricultura; “a previsão futura de clima por meio de aplicações dos modelos matemáticos de tipo GCM não é ainda praticável com níveis de precisão suficiente a justificar escolhas operacionais”.

Há obviamente muito mais, mas haverá tempo nessas duas semanas para ler outras páginas deste volume, a fim de evitar o envenenamento por catastrofismo.

Riccardo Cascioli é bacharel em Ciências Políticas, jornalista e diretor do periódico “Il Timone”, e autor de “Il complotto demografico”, “Le Bugie degli Ambientalisti 1 e 2” (2004 e 2006) e “I padroni del pianeta”. Tradução: Rafael Salvi.
© 2018 La Nuova Bussola Quotidiana. Publicado com permissão. Original em italiano.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]