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| Foto: Nelson Almeida/AFP

A discussão sobre o papel e a condição das mulheres na sociedade ocupa espaço cada vez maior nos meios de comunicação e fóruns de discussões. Com a ajuda de novas ferramentas, principalmente as mídias sociais, houve progressos na propagação das ideias sobre igualdade de gêneros, gerando tendências, mas há muito a avançar. Apesar disso, infelizmente, os indicadores continuam a mostrar violência crescente contra elas e a persistente dificuldade de alcançarem reconhecimento no mundo do trabalho, o que sempre faz do Dia Internacional da Mulher, para além das comemorações, um marco das reivindicações e dos protestos contra as disparidades.

Uma pesquisa da Escola Nacional de Seguros confirma a ainda enorme distância de oportunidades entre os sexos no Brasil, o que não é diferente em muitos países. Apesar de atrair grande número de profissionais mulheres, o mercado de seguros nacional – no qual, aliás, elas se tornaram maioria, hoje 56,3% – se iguala, em determinados aspectos, a outros setores da economia, quando analisamos as chances de progressão profissional e a distribuição dos melhores salários. A probabilidade de um homem se tornar executivo neste segmento, por exemplo, é quase 3,5 vezes maior que a de uma mulher, apesar de todos os avanços e iniciativas de muitas empresas do setor para assegurar igualdade de oportunidades. E uma amostra com 18 seguradoras brasileiras, com 85% a 90% do total de funcionários do setor, revelou que o salário médio é de R$ 4.520, mas homens ganham em média R$ 5.371 mensais, enquanto elas ganham R$ 3.858 – ou seja, 72% da remuneração deles.

Tão ocupadas que são, as mulheres ainda conseguiram mudar o mundo

O debate sobre a situação feminina em face do machismo é sempre polêmico, mas requer reflexões sérias, sendo direito inalienável da mulher, em qualquer ambiente, defender suas posições. No Brasil, em meio ao clima de debate propiciado pelo cenário político, elas seguem protestando contra as diferenças e o cerceamento de seus direitos, embora, lamentavelmente, a reverberação dos atos ainda não ganhe os espaços mais nobres, se falamos em alcance de audiência.

Os progressos no que diz respeito à remuneração também são pouco animadores. Na maioria dos países, as mulheres ganham, em média, de 60% a 75% dos salários dos homens, por razões como terem maior responsabilidade pelo trabalho familiar, que não rende salário, se envolverem mais em atividades de baixa remuneração média e assumirem menores riscos de carreira. O que nos remete a outro aspecto, o da “quarta jornada”: vida profissional, cuidados domésticos, com os filhos e, cada vez mais, atenção aos idosos. É quando elas assumem a responsabilidade desproporcional do trabalho não remunerado. Dados das Nações Unidas apontam que, em relação aos homens, mulheres dedicam uma a três horas a mais por dia à casa e duas a dez vezes mais tempo para cuidar de crianças, idosos e doentes. Tão ocupadas que são, ainda conseguiram mudar o mundo.

Maria Helena Monteiro é diretora de Ensino Técnico da Escola Nacional de Seguros.
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