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Não existe argumentação contra os preços
| Foto: Felipe Lima

A seccional Ceará da Ordem dos Advogados do Brasil recomendou ao governo federal que os preços do álcool em gel, vitaminas, máscaras e luvas sejam congelados deste a produção até a venda. É complicado ter de explicar economia todos os dias para a Ordem, mas vamos lá.

Quando se determina um congelamento de preços, também se gera um incentivo para um número maior de compras por pessoa ou grupo; ou seja, o preço mais baixo faz com que as pessoas comprem mais do que precisam. O aumento do preço serve justamente para regular a demanda e garantir que, mesmo pagando mais, mais indivíduos terão acesso ao bem, uma vez que o bem fica muito mais caro e não faz sentido levar mais de um.

Mas e se congelarmos o número de compras e o preço?, alguém perguntará. Respondo: você vive no Brasil; realmente acredita que isso vai impedir a compra? Basicamente, as pessoas vão pedir para os vizinhos comprarem, vão mandar aos mercados e farmácias crianças e pessoas que não fariam essa compra em outras circunstâncias.

O outro lado desse controle é o desincentivo à produção. O aumento de preços manda um sinal claro para os produtores: de que a demanda é muito superior à oferta. Diante disso, o que eles fazem? Aumentam sua produção e tentam conseguir uma fatia dessa demanda. Mas, quando não se permite o aumento de preços, como e por que investir para um aumento da produção? Não existe bônus para gerar mais produtos.

A preocupação com o abastecimento é compreensível e eu compartilho dela, mas precisamos compreender o que funciona ou não. Se os produtos subiram 400% em farmácias do Ceará, há um motivo para isso. O aumento de preços impede o que ocorreu no início do mês, quando os primeiros casos ainda estavam aparecendo no país e os estoques em estabelecimentos de Fortaleza chegaram a esgotar em menos de 24 horas.

Os produtores tentarão ganhar dinheiro com isso, produzindo mais; e o preço mais alto ajuda a dispersar os produtos pela população. Vamos prevenir o vírus e o pânico, mas não é sábio intervir em mecanismos que funcionam.

Ítalo Cunha é fellow do Global Competitive Leadership Program e fundador da Juddi.

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