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Itaipu Binacional
Foto: Itaipu/Divulgação| Foto:

Imagine a emoção de técnicos e engenheiros no dia 3 de outubro de 1983, quando, apenas oito anos depois do início da gigantesca obra, a casa de máquinas vibrou quando foi ligada a primeira unidade geradora de Itaipu. O barulho, quase ensurdecedor, soava como música. Mas a turbina girava no vazio, isto é, sem produzir energia. Era só o início da fase de testes.

Seis meses depois, em 5 de maio de 1984, foi para valer. A unidade geradora começou a produzir e a transmitir energia. Mas só para o sistema elétrico do Paraguai. O Brasil ainda não tinha construído as linhas para receber a energia de Itaipu. Em 25 de outubro de 1984, novo marco histórico: os presidentes do Brasil, João Figueiredo, e do Paraguai, Alfredo Stroessner, acionaram simultaneamente as duas turbinas já instaladas, gerando energia para os dois países e inaugurando, oficialmente, a Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional.

Naquele ano, Itaipu fechou com a produção de 277 mil megawatts-hora (MWh). Parece pouco, hoje que Itaipu gera anualmente acima de 90 milhões de MWh. Mas vale lembrar que a única hidrelétrica que naquela época operava (e ainda opera) no Paraguai, a Acaray, tinha produção inferior a esta. E, mesmo hoje, uma usina com esta produção é considerada de porte médio.

Embora tudo funcione bem, temos convicção de que é preciso investir em renovação tecnológica completa da usina

Para chegar ao recorde mundial que a binacional atingiu em 2016, de 103,09 milhões de MWh, a “pequena” Itaipu de 1984 precisaria produzir por 372 anos seguidos. Ou por “apenas” 325 anos para ficar perto da média anual de produção, que é acima de 90 milhões de MWh.

Mas eram os primeiros passos, que prosseguiram cada vez mais firmes até que, em 1995, Itaipu atingiu – e ultrapassou – pela primeira vez o volume de energia anual previsto em projeto, de 76 milhões de MWh. Naquele ano, foram 77,2 milhões de MWh. E, com exceção de 2001, o ano da grande estiagem que o Brasil enfrentou, a produção nunca ficou abaixo de 80 milhões de MWh.

Com a instalação de duas novas unidades geradoras, em 2006 e 2007, a geração foi superando recordes, até chegar às cinco maiores produções anuais da história, registradas nos últimos sete anos. Muitas vezes, até com condições hidrológicas menos favoráveis, como nos primeiros meses de 2018, superadas com uma boa gestão de manutenção e garantidas por equipamentos que, ao longo desses anos, demonstraram sua qualidade.

Leia também: Itaipu, um exemplo de cooperação entre dois países (artigo de Luiz Fernando Leone Vianna, publicado em 17 de maio de 2017)

Leia também: Hidrelétrica: energia nova, não-poluente e acessível (artigo de Gustavo de Brito Ribas, publicado em 3 de novembro de 2008)

As áreas de operação e manutenção trabalham de forma interligada, em Itaipu. A programação de geração pode ser feita de acordo com a parada das máquinas para manutenção, ao mesmo tempo que se dá atenção à necessidade dos setores elétricos do Brasil e do Paraguai e às condições hidrológicas. Internamente, todos esses procedimentos têm um nome poético: “dança das águas”. A ideia é aproveitar o máximo possível a água que entra no reservatório.

Mas, embora tudo funcione bem, temos convicção de que é preciso investir em renovação tecnológica completa da usina, que precisa se manter com produção elevada, ao menor custo operacional possível e com muita segurança. Esta renovação inclui repensar funcionalidades e processos, além de se possibilitar uma leitura mais detalhada das unidades geradora, para que possamos alcançar ainda melhores marcas de produção anual.

Em memória daqueles que sonharam Itaipu, que construíram esta gigantesca obra binacional, o grande desafio que temos pela frente é manter o que já é ótimo e melhorar o que for preciso. Aliás, é mais do que um desafio. Para nós, é uma missão, que cumpriremos com trabalho em equipe e muita confiança no futuro.

Joaquim Silva e Luna é diretor-geral brasileiro de Itaipu.

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