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Reserva de floresta Amazônica no Brasil.
Reserva de floresta Amazônica no Brasil.| Foto: Mauro Pimentel/AFP

O Brasil esta seguramente entre os países mais sustentáveis do planeta, não há dúvida. Nossa agricultura é em grande medida moderna, produzindo alimentos, fibras e energia de qualidade e de forma competitiva, com grande respeito ao meio ambiente. Temos o Código Florestal, talvez a norma ambiental mais restritiva do planeta, com legislação sobre Áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal e outros mecanismos que os estrangeiros – em especial os europeus – nem de longe possuem. Cerca de 60% de nossa vegetação nativa está preservada, sendo 80% no caso da Floresta Amazônica. Temos o etanol, exemplo de biocombustível renovável, e o RenovaBio, mecanismo concreto de redução de emissões e sem gastos públicos. Nossa matriz energética é das mais limpas do mundo, com cerca de três vezes mais fontes renováveis que a média mundial, chegando a 84% nas fontes limpas de energia elétrica, seja hidráulica, eólica, solar e biomassa. Implementamos reflorestamentos importantes e diversas práticas ambientais que fazem do Brasil o grande player ambiental.

Os problemas ambientais do Brasil estão sobretudo nas cidades, onde temas como falta de saneamento, má gestão do lixo e má qualidade do ar foram deixados de lado por anos

Não obstante, parte de uma oposição ferrenha ao governo Bolsonaro não tem o menor pudor em juntar-se a interesses de grupos e entidades que por anos viveram pendurados em verbas e cargos no governo, para falarem mal de nossa realidade, dentro e fora do país. Que brasileiros são esses que se juntam a grupos de interesse econômico e comercial contrário ao dos brasileiros? Comprometem nossos mercados externos, baseando-se em mentiras e deturpações, apenas pelo prazer de fazer oposição a um governo legitimamente eleito justamente para mudar o estado das coisas que até então reinava no Brasil, por meio de uma agenda liberal, de modernização da economia, de combate aos privilégios. Os brasileiros optaram por acabar com a visão preconceituosa em relação aos setores produtivos e privados, visão essa que prevalecia quase que hegemonicamente até então.

Viemos para a COP com o firme propósito de procurar viabilizar os instrumentos necessários ao recebimento, pelo Brasil e pelos brasileiros, de grande parcela de merecidos recursos financeiros que foram prometidos na assinatura do Acordo de Paris, em 2015, da ordem de US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020, mas também desde o Protocolo de Kyoto, no qual o nosso país certificou créditos de carbono que somariam cerca de US$ 2,5 bilhões. Tais créditos não foram satisfeitos, mesmo passados 14 anos. Não temos de vir envergonhados de nada. Ao contrário, temos muito a mostrar.

Os problemas ambientais do Brasil estão sobretudo nas cidades, onde temas como falta de saneamento, má gestão do lixo e má qualidade do ar foram deixados de lado por anos e anos de administrações passadas. A preservação de nossas florestas e do meio ambiente é fundamental e deve ser buscada incansavelmente. Mas isso custa dinheiro, e muito, e é mais do que justo que os ricos arquem com boa parte desse custo, uma vez que foram eles que suprimiram suas florestas, queimaram por mais de 100 anos um grande volume de combustíveis fósseis e hoje respondem por cerca de metade das emissões mundiais, num cenário em que o Brasil não representa nem sequer 3% do total. Definitivamente não somos os vilões, e certamente podemos ajudar a resolver os danos causados por eles, desde que remunerados pelos esforços e serviços que prestamos. Para isso é necessário uma postura firme e pragmática na defesa dos interesses do Brasil e dos brasileiros.

A condução de uma politica ambiental séria, equilibrada, baseada no bom senso e na racionalidade certamente contribui para acabar com os radicalismos e as manipulações que muito atrapalharam não apenas o desenvolvimento do país, como também a preservação ambiental.

Ricardo Salles é ministro do Meio Ambiente.

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