| Foto: Divulgação/Cataratas do Iguaçu S.A

Precisamos falar sobre a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que tem chance de ser sediada no Brasil no ano que vem: a COP 25. Precisamos falar mais. Precisamos falar sobre a conferência que tem grande possibilidade de ser realizada em Foz do Iguaçu, a terceira cidade que mais recebe turistas no país e um dos mais belos cenários naturais do mundo. Receber a COP traz ao Brasil e ao Paraná oportunidades que não podem ser ignoradas.

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Sim, organizar um evento global como esse envolve custos. Algo entre R$ 400 milhões e R$ 600 milhões. Contudo, talvez seja o melhor momento para mostrarmos para o mundo que o Brasil está, sim, preocupado com o meio ambiente e com a questão climática. Afinal, uma COP reúne cerca de 40 mil pessoas, entre diplomatas, cientistas, empresários, ONGs e pessoas interessadas dos mais diversos países.

Se isso ocorrer, será a oportunidade de o Brasil, de uma vez por todas, liderar as discussões globais de sustentabilidade e dar o recado para o país inteiro e para outras nações: podemos e seremos o maior produtor mundial de alimentos com o grande diferencial da sustentabilidade, promovendo uma agricultura de baixo carbono. Como anfitrião da COP, o Brasil terá de mostrar que realmente fará a diferença e investirá nessa estratégia. De forma tímida, isso já ocorre nos nossos campos. Temos chances de dar mais vazão ao Plano ABC, que financia produções de baixo carbono e já tem recursos previstos no Plano Safra.

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Se o Brasil optar por não realizar a COP 25, corre o risco de transparecer que não será a liderança em sustentabilidade global que todos esperam

O Paraná e o novo Executivo estadual podem surfar nesta onda, chamando a atenção do mundo. O estado um dos maiores produtores de grãos do Brasil. Nos anos 70 e 80, era conhecido internacionalmente pela excelência em práticas agrícolas sustentáveis, como cultivo mínimo e plantio direto. O Paraná tem tudo para ser o líder nacional da agricultura de baixo carbono, usando inclusive recursos federais do Plano Safra.

Embora Salvador e Rio de Janeiro estejam se mobilizando para receber a COP 25, Foz do Iguaçu é a melhor opção. Além de estar preparada para receber grandes públicos, com rede hoteleira consolidada e visitors bureau estabelecido, a cidade da Tríplice Fronteira pode envolver os “vizinhos” Paraguai e Argentina na organização e tem grande chance de ter apoio financeiro da Itaipu Binacional.

Ao mesmo tempo, a COP 25 no Brasil exigirá decisão importante do governo federal – não apenas sinalizar se receberemos ou não o evento. Normalmente, um dos ministros do país-sede é quem preside a conferência. Esse representante terá o desafio de conduzir os países na negociação para finalizar as regras do Acordo de Paris, pois, a partir de 2020, os países terão de começar a implementar suas medidas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Para isso, o ministro deve entender do tema e as pastas mais alinhadas com a pauta seriam: Relações Exteriores, Meio Ambiente ou Ciência e Tecnologia.

Do mesmo autor: COP 23: muitas promessas, poucas ações (publicado em 26 de novembro de 2017)

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Leia também: Ignorar o Acordo de Paris é um mau negócio (artigo de Marina Grossi, publicado em 9 de junho de 2017)

Se o Brasil optar por não realizar a COP 25, corre o risco de transparecer que não será a liderança em sustentabilidade global que todos esperam. O relógio está girando. Temos poucas semanas para definir isso tudo. A COP 24 será realizada na Polônia no próximo mês e, lá, os diplomatas brasileiros terão de confirmar a realização da próxima conferência no Brasil, sinalizando a cidade-sede. Torcemos para que este comunicado leve o nome da cidade das cataratas.

André Ferretti é gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.