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 | Henry Milleo/Gazeta do Povo
| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

A educação no Brasil é um tema que ainda preocupa especialistas e autoridades, tendo em vista que mais de 3,8 milhões de crianças e adolescentes com idade entre 4 e 17 anos estão fora da escola, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Ministério da Educação. É importante lembrar que o direito à educação está previsto na Constituição Federal, sendo responsabilidade da família e dever do Estado. A educação, por sua vez, precisa garantir que a criança viva intensamente sua infância e se desenvolva integralmente como pessoa.

Em relação à educação de crianças pequenas, é possível verificar uma mudança de cenário nos últimos anos, pois está mais fundamentada, capaz de envolver tanto o ato de cuidar quanto o educar. As práticas cotidianas nas escolas incluem momentos do cuidar, como a alimentação e de descanso. No entanto, incluem-se e planejam-se atividades para desenvolver nas crianças habilidades diversas, como a coordenação motora, por meio de desenho; os primeiros contatos com artes e a música.

Não se pode pensar na educação infantil apenas como um “depósito” de crianças

Atualmente, não se pode pensar na educação infantil apenas como um “depósito” de crianças, um local onde os pais deixam os filhos porque não têm tempo de cuidar deles. Esta etapa precisa ser encarada como incentivo ao aprendizado, de incitação da curiosidade, de desenvolvimento também das habilidades das crianças, do seu descobrimento enquanto ser participante na sociedade. As práticas cotidianas dão suporte para que o indivíduo se desenvolva de forma integral e que comece a se perceber enquanto ser humano integrado à sua realidade social.

Além das atividades como desenho, pintura, recorte, o brincar é, atualmente, visto como parte imprescindível na formação da criança. Ao brincar, elas entram em contato com o mundo, com os colegas, conseguem criar seu universo de faz de conta e, por meio deste, criar suas próprias interpretações sobre o mundo à sua volta. O brincar está inserido no que a autora Maria Carmen Barbosa chamou de “pedagogias implícitas”, ou seja, não há uma normalização ou rigidez na execução das atividades. Do contrário, as crianças aprendem por meio da convivência, da sua própria observação e participação. Ainda que a educação infantil seja um espaço diferenciado, pois requer em grande parte o cuidado, é uma oportunidade para que o professor desenvolva um olhar diferenciado sobre o seu aluno, enxergando-o como um cidadão em formação e que precisa ser orientado para tal.

Esse sistema prevê relações mais horizontais dentro do ambiente escolar, não colocando o professor como detentor de todos os conhecimentos. A criança é atuante no espaço e, ao brincar, desenvolve habilidades diversas, como perceber formas e texturas dos objetos e a contar ao dividir os brinquedos ou peças. Também desenvolve sua oralidade, pois está em contato com os demais e precisa manifestar suas vontades. A partir do brincar, os conteúdos, que antes eram trabalhados de forma separada, se mesclam.

Atualmente, a criança é mais respeitada em seus direitos e seu desenvolvimento é observado em suas diversas fases. Ainda que haja muito a se desenvolver na escola para proporcionar o desenvolvimento integral do indivíduo e as múltiplas experiências práticas a que as crianças deveriam ter acesso, está em andamento uma evolução na maneira como a educação infantil é enxergada na sociedade e na comunidade em que se insere.

Danielle Scheffelmeier Mei é jornalista e mestre em Comunicação.
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