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 | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Nas últimas semanas, tenho assistido ao programa Shark Tank Brasil – negociando com tubarões, num canal de televisão por assinatura. O formato é bem interessante: pequenos empresários tentam negociar venda de participação societária de suas empresas e negócios para investidores de sucesso. É um programa muito interessante para quem gosta de finanças, contabilidade, custos, tributos e estratégias empresariais.

Porém, o que tenho percebido é um despreparo muito grande por parte dos pequenos empresários brasileiros: falta de conhecimento financeiro! Percebe-se que são verdadeiros empreendedores, com ideias geniais, como muitos brasileiros. Mas a diferença entre conhecimento de negócios e finanças é surpreendente. Alguns ainda sabem, mas a maioria não. Qual o seu custo fixo e custo variável? Qual a sua margem de contribuição? Como é sua formação de preços? Qual o seu ponto de equilíbrio? Qual o seu mark-up? O que foi considerado no seu valuation? Qual o impacto tributário no negócio quando a sua empresa crescer? Qual a sua margem de lucro? Qual o seu payback? Esses são apenas alguns exemplos de questionamentos dos “tubarões” que ficaram sem respostas.

Os empresários carecem de conhecimentos básicos do negócio

Estatísticas do Sebrae demonstram melhora nos índices de mortalidade das micro e pequenas empresas nos últimos anos, e o índice de sobrevivência das brasileiras já é superior ao de nações como Espanha, Itália e Holanda, segundo dados da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Mas, sem considerar os microempreendedores individuais, cerca de 58% sobreviveram apenas dois anos. Entre os motivos mais frequentes estão a falta de planejamento estratégico antes de abrir o negócio, a deficiência na gestão, a falta de políticas governamentais incentivadoras, as flutuações na conjuntura econômica, a alta carga tributária, a falta de capital de giro e a inexperiência administrativa do empreendedor.

Isso demonstra que os empresários carecem de conhecimentos básicos do negócio, que incluem finanças e contabilidade. Quantas empresas agradam os consumidores, vendem bem, ganham reconhecimento da opinião pública, mas não conseguem ver o lucro no fim do mês por causa de cálculos financeiros inadequados? Na pesquisa “Causa Mortis” (do Sebrae, feita em 2014), a falta de lucro e de clientes estava entre os principais motivos apontados para o fechamento das empresas brasileiras. E esses são sintomas claros da falta de preparação dos empreendedores.

Nesse cenário, nota-se uma oportunidade importante para os profissionais de finanças: a consultoria, seja ela assessoria contábil, tributária ou mesmo em finanças avançadas, como projeções de resultado e valoração das empresas. Entendo que entidades brasileiras como o Sebrae, por exemplo, apoiam muito essas empresas – e com certeza fazem diferença –, mas isso não é o suficiente. Profissionais nessas áreas devem se manter atualizados e dispostos a colaborar com o crescimento da economia brasileira por meio de micro e pequenas empresas.

Marco Aurélio Pitta, gerente de Contabilidade e Tributos do Grupo Positivo, é coordenador e professor de programas de MBA da Universidade Positivo nas áreas tributária, de contabilidade e controladoria.
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