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| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

A produção depende da forma de alocar capital e mão de obra em uma sociedade. Os impostos podem colaborar na alocação ou realocação dos recursos entre os diferentes fatores de produção, por diferentes regiões ou entre os diferentes setores.

Quanto mais altos são os impostos, ou maior a tributação, os recursos da sociedade são sistematicamente transferidos para segmentos de baixa tributação. Da mesma forma, quando um desconto sobre um imposto é oferecido, ele poderá incentivar a alocação de recursos em favor do desenvolvimento de indústrias nascentes. Pode haver uma realocação de recursos de regiões altamente tributadas para as regiões com baixa tributação.

Os impostos podem mudar o padrão de produção em uma economia. A produção de bens de luxo pode ser restringida e a de bens de primeira necessidade melhorada. Um elevado imposto sobre bens de consumo luxuosos tem um impacto benéfico, uma vez que os recursos da produção desses bens serão desviados para bens essenciais ou de primeira necessidade com a baixa tributação atuando como força estimuladora.

As empresas contratarão apenas em situações em que a mão de obra apresentar grande eficiência produtiva

Alguns impostos, no entanto, podem provocar uma má alocação de recursos, mudando o padrão de produção de alguns setores de uma maneira socialmente indesejável. Assim, quando tributos e encargos incidentes sobre o emprego são elevados, a geração de emprego é desestimulada e cresce o desemprego.

Os altos tributos e encargos – gerando ônus elevados sobre a geração do emprego – desestimulam a geração de novas contratações ou posições de trabalho. O aumento do emprego formal é desestimulado. Isto representa uma contradição em uma sociedade que necessita reduzir o desemprego.

As empresas contratarão apenas em situações em que a mão de obra apresentar grande eficiência produtiva. A alta tributação e os encargos geram uma alocação eficiente da mão de obra na empresa, ou seja, o trabalhador é contratado por estas empresas apenas quando extremamente necessário.

Leia também: A reforma tributária finalmente decola em 2019? (artigo de Marco Aurélio Pitta, publicado em 16 de dezembro de 2018)

Leia também: A transição rende frutos (editorial de 22 de novembro de 2018)

Alguns tributos podem promover uma realocação desejável de recursos se forem reduzidos e no caso das taxas e encargos sobre salários, a sua diminuição ou a eliminação de alguns dos ônus pode causar melhorias sociais. Pode gerar o esperado aumento do emprego.

Assim, não podemos negligenciar as implicações sistêmicas de longo prazo, quando os excessos tributários incidem sobre a mão de obra para as empresas que estão nascendo, para as “startups”, ao desestímulo intrínseco ao empreendedorismo, levando empresas a reduzirem as contratações ao mínimo, reduzindo a quantidade e a formação de novos empresários, gerando ciclicamente um freio ao desenvolvimento e à desejada redução do desemprego.

Agostinho Pascalicchio é coordenador do curso de Engenharia de Produção da Universidade Presbiteriana Mackenzie, professor de economia, doutor em Ciências pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP. Mestre em Teoria Econômica pela University of Illinois. Luiz Antonio de Lima é professor de planejamento estratégico e logística da Universidade Presbiteriana Mackenzie, mestrado e doutorando em Administração pelo Mackenzie.
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