• Carregando...
 | /Pixabay
| Foto: /Pixabay

Meu tio-avô Eloy jamais saiu do vilarejo onde nasceu e cresceu, mas ele falava inglês com fluência e até com sotaque da Califórnia, e inclusive chegou a trabalhar como tradutor de manuais de mecânica e eletrônica. Ele não fez faculdade de idioma e Letras, nem morou na América ou na Inglaterra; como um coitado rapaz venezuelano nos anos 1940 que jamais saiu de sua cidadezinha aprendeu falar tão bem o inglês?

Com o ensino a distância.

O tio Eloy fez um curso por correio pagando só um dólar por mês, não teve tutoriais nem aplicativos didáticos, mas teve recursos do seu tempo, como os discos de vinil, cartilhas e livros.

Que tem a ver uma anedota familiar com o ensino a distância para crianças e jovens? Que é a fiel prova de que, sim, funciona, mesmo que seja com recursos elementares como áudios e textos, e que não só ajudam aos usuários (crianças e jovens) a atingir metas e requisitos acadêmicos, mas podem fazer deles pessoas despertas e empreendedoras, pois fomenta neles hábitos de disciplina e aproveita a melhor bênção da infância: a curiosidade pelo mundo.

O ensino a distância é uma metodologia pedagógica que vive uma espécie de renascença nesses últimos anos

O ensino a distância é uma metodologia pedagógica que vive uma espécie de renascença nesses últimos anos pela expansão da internet, já que o acesso a conteúdos pelos estudantes e alunos fica muito mais fácil que no passado. Além disso, a celeridade e inteligibilidade do ciberespaço facilita a distribuição de conteúdos didáticos assim como a diminiução de custos. Já não é mais preciso olhar revistas e trocar correspondência; agora as pessoas podem estudar cursos e lições da Universidade de Genebra, disponíveis por meio do site Coursera, por exemplo, desde a tranquilidade da sua casa, de seu quarto ou até do seu banheiro.

Mas os adultos não são os únicos beneficiados; além deles, o ensino a distância tem um crescente mercado neste momento: as crianças e os jovens de ensino básico e médio. E isso pode beneficiar não apenas os praticantes do homeschooling, mas também o ensino básico, fundamental e médio.

As causas que podem levar os pais, ou obrigá-los, a tomar partido pelo ensino a distancia para seus filhos são diversas. O EaD pode ser uma boa opção quando os pais querem educação de alta qualidade para seus filhos nos tempos atuais, com a preocupante decadência do ensino, além dos elevados índices de analfabetismo funcional e os casos de doutrinação ideológica; para as famílias que moram na periferia, longe das boas escolas; ou que têm filhos, por algum motivo, incapacitados de frequentá-las.

Leia também: O Escola sem Partido e a luta pela verdade (artigo de Miguel Nagib, publicado em 9 de dezembro de 2018)

Leia também: O contato humano continua sendo essencial (artigo de Douglas Gasparin Arruda e Sissi Valente Pereira, publicado em 3 de dezembro de 2018)

A educação a distância poderia e deveria ser aplicada na educação básica, pois, além de resolver o problema das famílias, onde os pais têm de ter a palavra final na formação dos seus filhos, também pode resolver problemas de outra ordem. Nestes tempos em que se fala de reduzir a burocracia e baixar o gasto público, mas existe um profundo medo devido ao alto custo político que medidas dessa natureza geram, o ensino a distância pode ter uma importância maior, já que não só pode aparecer como um grande apoio aos pais que fazem homescholing, mas pode também ser um caminho menos traumático, junto ao sistema de vouchers escolares. Esse pode ser um bom caminho para as reformas que o governo tem de fazer na educação.

Simón Aliendres León, venezuelano radicado no Brasil, bacharel em Contabilidade pela Universidade de Carabobo, é escritor e comentarista político.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]