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Carro de motorista parceiro do Uber e da 99.| Foto: Aniele Nascimento/Arquivo/Gazeta do Povo

Análise do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) mostra que "o mercado de trabalho brasileiro segue bastante deteriorado, permeado por altos contingentes de desocupados, desalentados e subocupados". É um cenário que leva à busca de caminhos alternativos para geração de renda.  E é aí que entra o conceito de trabalhabilidade, permeado pelo advento das novas tecnologias.

A empregabilidade – a habilidade de manter um currículo atrativo para estar empregado – já não é mais suficiente. Hoje, o termo foi substituído pela trabalhabilidade. Mas como compreender de fato essa mudança, de modo a entender não só o significado da palavra, mas todo o contexto afetado por ela?

Estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) concluiu que 65% das crianças de hoje trabalharão em profissões que nem mesmo ainda existem. Muito provavelmente esses futuros trabalhadores também entrarão em outro universo profissional, no qual será a capacidade de desenvolver e aprimorar competências que vai fazer a diferença.

A trabalhabilidade requer capacidade de se adaptar e originar renda a partir das próprias habilidades

E nem é preciso ir muito longe para perceber que já vivemos num cenário em que a trabalhabilidade ganha corpo no Brasil. De um lado, temos as empresas que não conseguem buscar profissionais que se adequem ao perfil desejado; e, do outro, os profissionais que não conseguem recolocação por causa da pouca especialização.

Dessa forma, a trabalhabilidade requer capacidade de se adaptar e originar renda a partir das próprias habilidades, além de gerar o trabalho, o que vai muito além da ideia de emprego. Esse conceito está em linha com a tendência de mercado, que revela uma necessidade de desenvolver multicompetências, exigidas em qualquer função, e que representem verdadeiro desenvolvimento humano sem perder de vista o impacto das novas tecnologias.

Um caso é o dos aplicativos de transporte e de alimentação, que estão revolucionando a forma de se relacionar com o consumidor em um quadro no qual todos ganham: o trabalhador, a empresa e o cliente. Isso porque o trabalhador ganha o poder de determinar seus horários, de escolher para quem trabalhar e, dependendo da atividade, de qual local prestará os seus serviços. Para as empresas que contratam sob essa nova ótica, existe a possibilidade de conquistar funcionários e/ou prestadores de serviços altamente capacitados e empenhados em desenvolver as funções designadas. Já para o consumidor final, a comodidade, o bom atendimento, a qualidade dos produtos ou até os valores acabam sendo os principais benefícios.

Lidar com a vida sob pressão, desenvolver potenciais ainda não explorados, encontrar possibilidades que antes eram desconhecidas a fim de conquistar independência, e proatividade para gerar receita: todas essas são competências buscadas na hora da contratação, que também ganhou novas formas a partir da reforma trabalhista, como no caso do trabalho intermitente. Assim, a trabalhabilidade provoca a sociedade a se reinventar a todo o momento, não se conformar com uma situação e buscar novas oportunidades.

Walter Vieira é fundador e CEO da Closeer.

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