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O Litoral paranaense foi, durante décadas, o destino preferido dos paranaenses de todos os quadrantes nas férias de verão. Entretanto, já no fim dos anos 80, o litoral de Santa Catarina começou a ganhar espaço como destino preferencial dos paranaenses, apesar da distância. Balneário Camboriú foi a praia que mais atraiu, experimentando um rápido desenvolvimento que logo inflacionou os preços dos imóveis, extravasando o crescimento para praias vizinhas, como Itapema, Porto Belo, Bombas, Bombinhas e, mais recentemente, Meia Praia e Governador Celso Ramos. Nem mesmo o difícil trânsito das rodovias federais BR-376 Sul e BR-101, os congestionamentos no acesso às praias no verão e as precárias condições do saneamento básico do litoral catarinense foram capazes de frear essa invasão de paranaenses no estado vizinho.

O fato é que esta “migração” dos nossos veranistas para Santa Catarina foi, aos poucos, esvaziando e empobrecendo o Litoral paranaense. Abandonado à própria sorte, desprezado pelos governos que se sucederam, o Litoral do Paraná é o filho pobre e rejeitado dos governantes. Os mais antigos lembram que a rodovia que liga Matinhos a Praia de Leste continua exatamente igual ao que era em 1970, 46 anos atrás. Não ganhou urbanização, tampouco iluminação, nem um metro quadrado sequer de asfalto, nenhuma duplicação ou passarela para pedestres, nenhum acesso asfaltado rumo ao mar. Absolutamente nada.

O Litoral do Paraná é o filho pobre e rejeitado dos governantes

O mesmo se pode dizer da ligação entre Praia de Leste e Pontal do Sul, a mesma rodovia de sempre, que congestiona impiedosamente nos fins de semana do verão. Nada de novo também na outrora badalada orla entre Matinhos e Caiobá. A ligação Caiobá-Guaratuba é a mesma em 50 anos. O mesmo acesso, o mesmo ferry-boat. Nada, absolutamente nenhuma intervenção do estado.

Vale a pena lembrar que, nos últimos 30 anos, apenas três obras de peso foram feitas pelo estado em nosso litoral. Uma foi a rodovia Alexandra-Matinhos, iniciada no governo João Elísio e concluída no governo Álvaro Dias, em 1987. Outra foi o asfaltamento da Avenida Beira-Mar em 1989, entre Matinhos e Praia de Leste, também no governo Álvaro Dias – nem mesmo o desmoronamento de um trecho de cerca de 500 metros desta avenida, ocorrido há mais de 15 anos por uma ressaca do mar, mereceu reparos. O balneário Riviera compartilha esta vergonha com todos que frequentam nosso Litoral.

E, finalmente, a terceira obra. Na segunda metade da década de 90, no governo Jaime Lerner, a Sanepar realizou obras de saneamento básico, acabando com a falta de água tratada no Litoral e implantando rede de esgoto, com várias estações de tratamento. Essa rede de esgoto está sendo ampliada pela Sanepar no governo atual.

Nosso Litoral é pequeno e belíssimo, e tem como destaque as baías de Paranaguá, Antonina, Guaratuba e Guaraqueçaba. Ilhas paradisíacas como a do Mel, da Cotinga, das Peças e Superagui. A sofrida Paranaguá, que nos dá o porto e nada ganha em troca. Antigas e belas, Morretes e Antonina merecem melhor sorte. E o que dizer da inacessível e abandonada Guaraqueçaba?

Até quando vamos conviver com esse descaso dos nossos governantes, que empurra os paranaenses para Santa Catarina?

Luiz Carlos Martins é deputado estadual e líder do PSD na Assembleia Legislativa do Paraná.
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