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Fila de trabalhadores no teatro municipal de Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba, para se candidatar a uma vaga de emprego na rede Mufato - carteira de trabalho - desemprego - trabalho - candidato a vaga de emprego - contratação de mão de obra - funcionario registrado em carteira profissional
Fila de trabalhadores no teatro municipal de Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba, para se candidatar a uma vaga de emprego na rede Mufato – carteira de trabalho – desemprego – trabalho – candidato a vaga de emprego – contratação de mão de obra – funcionario registrado em carteira profissional| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

A indústria têxtil e de confecção, apesar das dificuldades enfrentadas por todas as empresas, do nível de atividade ainda letárgico e do recuo do PIB nacional, fechou o primeiro semestre com saldo positivo de 11.941 postos de trabalho, ante 893 em igual período de 2018. No geral da economia, o superávit acumulado é de 521.542 nos últimos 12 meses. Os dados evidenciam um grande esforço dos setores produtivos para não agravar o desemprego, em meio a um persistente cenário de dificuldades.

Os dados são importantes, mas, considerado o elevado número de desempregados – mais de 12 milhões de brasileiros –, a criação de vagas está aquém do necessário para que ocorra uma redução expressiva nesse grave déficit social. Teríamos de estar gerando pelo menos o dobro de empregos formais para irmos, paulatinamente, normalizando a situação.

São graves os danos que a prolongada crise causou no mercado de trabalho, danificando sua espinha dorsal

O desemprego elevado, além de desestruturar a vida de milhões de pessoas, agrava a concentração de renda e os problemas sociais, e retroalimenta a crise, pois atinge de modo contundente o consumo. Num efeito em cascata, reduz-se a produção, como se observa nos números da indústria divulgados pelo IBGE: nos quatro trimestres terminados em junho de 2019, o setor teve retração de 0,1% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

Outro grave efeito colateral do desemprego é a perda de talentos. Já estamos enfrentando esse problema ao longo da duradoura crise de nossa economia. Em 2018, mais de 21 mil pessoas deixaram oficialmente o Brasil e entregaram à Receita Federal a declaração definitiva de saída do país.

Também é preciso considerar que o desemprego ocorre no Brasil em um momento de profundas mudanças na estrutura do trabalho, suscitadas pelo impacto tecnológico inerente à chamada Quarta Revolução Industrial. Assim, não será suficiente resgatar os postos de trabalho perdidos no cenário de retração econômica. Muitos desses empregos somente poderão ser repostos caso os trabalhadores estejam devidamente capacitados a atividades permeadas por novas atribuições e inovação.

Portanto, é imenso o desafio relativo à recuperação do mercado de trabalho no Brasil. Para vencê-lo, será necessária uma combinação de fatores, como o crescimento sustentado do PIB em patamares mais elevados, que passa pela conclusão da reforma da Previdência, realização da reforma tributária e adoção de políticas públicas eficazes na área econômica; formação e capacitação adequada dos recursos humanos, que começa com a qualidade da educação, uma prioridade historicamente relegada em nosso país; desburocratização; segurança jurídica; e aumento das exportações.

São graves os danos que a prolongada crise causou no mercado de trabalho, danificando sua espinha dorsal. Por isso, será decisivo oferecer oportunidades de capacitação e emprego aos jovens e aos brasileiros desempregados. Esta é uma tarefa imediata, pois, ao lado dos demais fatores, também é crucial para a recuperação de nossa economia.

Fernando Valente Pimentel é presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

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