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A evolução para uma cidade mais inteligente, mais integrada e mais inovadora pressupõe uma visão holística e sistêmica do espaço urbano e a integração efetiva dos seus vários atores e setores. O conceito de cidade inteligente (smart city) parte da perspectiva de que a tecnologia é fator indispensável para que as cidades possam se modernizar e oferecer melhor infraestrutura à população.

Novas tecnologias e aplicativos vêm surgindo com vocação para soluções urbanas. Uma delas é o Uber, aplicativo que vem causando polêmica no Brasil. Atualmente, está em operação nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte.

Dias atrás, o projeto que proíbe o uso de qualquer aplicativo para o transporte privado remunerado de passageiros na cidade de São Paulo foi aprovado com os votos de 43 vereadores. Agora, a decisão de vetar ou não está nas mãos do prefeito Fernando Haddad, trazendo à tona questões de livre concorrência e livre escolha do cidadão. Se sancionado, o projeto manterá o monopólio dos taxistas, não permitindo nem sequer a discussão da regulamentação do Uber.

Segundo o Departamento de Estudos Econômicos (DEE) do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a permissão do aplicativo seria positiva tanto para a concorrência quanto para o consumidor.

Querer parar essa evolução é parar no tempo

Os taxistas formam o grupo que mais protesta contra a legalização do Uber. Mas o que dizer de empresas que possuem mais de cem alvarás e cobram diárias absurdas dos motoristas? Será que esses mesmos motoristas não poderiam estar trabalhando com o Uber?

Existe também a discussão sobre se o aplicativo cabe no conceito da chamada “economia colaborativa” – que, de forma simplificada, é o ato de transformar o compartilhamento de objetos entre pessoas (peer to peer) em negócio: se você tem e não está usando, empreste para quem precisa e seja pago por isso. Carros, casas, garagens, alimentos, serviços, tecnologia, entre outros bens, podem ser compartilhados. A startup curitibana Fleety é um exemplo de empresa que adota o sistema de compartilhamento de carros entre pessoas, como um serviço de locação de veículos dos cidadãos, mas sem o serviço de motorista, o que a diferencia do Uber.

A cidade de Curitiba, que sempre foi uma referência brasileira em inovação na mobilidade urbana, mas ainda não tem o aplicativo, receberá no dia 3 de dezembro o diretor-geral do Uber no Brasil, Guilherme Telles. Ele participará de um debate sobre economia colaborativa no IV Fórum Internacional iCities. No evento, Telles deve mostrar que o Uber é um modelo de startupend-to-end”, que une os motoristas e os pedestres, entrega um serviço a um valor fixo – geralmente abaixo do preço praticado pelo mercado – com uma qualidade superior no serviço e nos veículos utilizados. Ou seja, cria vantagem para os dois lados.

Essa é a tônica dos negócios atuais, em que todo mundo ganha, mas principalmente o usuário do serviço. Querer parar essa evolução é parar no tempo. Ou vamos acabar tornando verdadeira aquela manchete do site humorístico Sensacionalista: “Depois da proibição do Uber, datilógrafos querem o fim do computador”.

André Telles, publicitário, é especialista em inovação e cofundador do iCities.
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