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Diante dessa crise, que também é fruto dos que deviam vigiar mais e dos que deviam se omitir menos, não podemos deixar de agradecer aos que continuam firmes nos seus postos, os trabalhadores.

Sem os trabalhadores, não haveria nação nem governos, nem corrupção e injustiça ou privilégios, nem bolsas ou cotas, porque não haveria nem comércio nem indústria, nem empresas nem salários; portanto, nem os impostos que sustentam as nações.

Então, obrigado a você, trabalhador empresário, pela iniciativa de criar e o compromisso de manter empresas.

Obrigado a você, trabalhador que toca as máquinas, mexe a massa nas construções, como outros mexem com as massas nas comunicações.

Obrigado a você, trabalhador da chácara de hortaliças ou da fazenda do agronegócio. Sem vocês não haveria comida para a gente, nem matéria prima para as indústrias e exportações; ainda seríamos tribo a disputar ossos.

Nós não viemos dos macacos, nós viemos do trabalho

Também obrigado a você, autônomo, que ganha a vida nos prestando tantos serviços, como nos transportes, para que a gente possa comer o peixe dos trabalhadores das águas e o feijão dos trabalhadores da terra, que também merecem ouvir: muito obrigado!

Obrigado igualmente a você, trabalhador da saúde, e a todos que cuidam dos outros, dos bombeiros aos enfermeiros, dos bons policiais aos funcionários eficientes, vocês valem os impostos que pagamos no feijão que comemos.

Obrigado a você, trabalhador que acorda mais cedo ou dorme mais tarde, ou troca o dia pela noite para trabalhar por nós nas telefônicas, nas usinas, nos presídios e nos hospitais.

Obrigado a vocês que, na família ou na sociedade, cuidam de idosos, de deficientes e de crianças, trabalhando diretamente para a humanidade.

Obrigado a vocês, trabalhadores dos poderes e serviços públicos, que, além de trabalhar bem, deixam de ser como os três macaquinhos que nada ouvem, nada veem e nada falam, denunciam as falcatruas e apontam os erros.

Obrigado a todos vocês que, nos governos ou nas casas, nas escolas ou nas ruas, trabalham para que os poderes públicos melhorem e seus serviços sejam dignos dos impostos embutidos em tudo que pagamos.

Obrigado a você, trabalhador da fé, em nome de tantas religiões dando exemplo de convivência e vida em paz.

Obrigado a você que trabalha recolhendo lixo, reciclando, tentando achar solução para esse apocalixo criado por todos nós.

Obrigado aos artistas, por seu trabalho de nos fazer rir, pensar, sentir e ser gente.

Sem vocês, trabalhadores, não haveria civilização, nem mesmo dinheiro para pagar salários e propinas. Sem trabalho, nem teria existido o mercado de trocas, anterior à invenção do dinheiro; pois, para trocar, seria preciso antes coletar ou caçar ou pescar, ou seja, trabalhar para estocar e trocar por algo de outro trabalhador. Nós não viemos dos macacos, nós viemos do trabalho.

Obrigado, então, a você, dinheiro, mecenas e bandido, inventor das quadrilhas e dos empreendedores, maior dos ladrões e dos professores, obrigado por nos lembrar que Jesus escolheu sua turma entre trabalhadores braçais, com exceção de um, que o traiu por dinheiro.

E, por tudo isso, obrigado a você a quem chamamos de Deus, por trabalhar o tempo todo, sem horário nem férias, para nos dar crises com tantas lições e oportunidades, como a nos dizer que nós, trabalhadores, viemos ao mundo para aprender e melhorar, justiçar e evoluir, sempre em frente.

Domingos Pellegrini é escritor.
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