Ao fazer um balanço desses 24 anos de Festival de Inverno da UFPR, podemos afirmar que este é um dos mais importantes projetos culturais do Paraná, considerando sua permanência, de forma ininterrupta, por mais de duas décadas, atingindo um público estimado de mais de 800 mil pessoas. O Festival surgiu no início da década de 1990, num momento em que não havia muitas oportunidades de vivenciar arte e cultura de forma integrada, especialmente nas pequenas cidades. Foi um momento ao mesmo tempo conturbado e efervescente, em que as universidades recuperavam sua capacidade de decidir os rumos das políticas de formação. Por isso, a história do Festival de Inverno confunde-se também com a história da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), durante a gestão do professor Faraco na Reitoria da UFPR.
Nas avaliações feitas em conjunto com a comunidade, percebe-se o desejo de maior integração com a UFPR. É preciso que o Festival cumpra seu papel de criar um espaço alternativo de aprendizagem, de prática e reflexão crítica, de apreciação e produção artístico-cultural. Por isso, precisa ser pensado a partir da articulação entre ensino, pesquisa e extensão universitária, voltada para o desenvolvimento social da região do Litoral.
Em 2014, o 24.º Festival de Inverno vem para reforçar o propósito de construir a cultura como espaço de conhecimento e vivência dos direitos humanos e da educação plena e plural, proporcionando o envolvimento mais direto da comunidade. Procuramos concretizar o antigo desejo de dar visibilidade aos grupos artísticos e coletivos culturais locais e de descentralizar as atividades da programação, permitindo a participação efetiva da população dos bairros mais afastados da cidade. Oficinas e apresentações artísticas serão realizadas em diferentes pontos de Antonina. Além disso, estamos fazendo um esforço conjunto no sentido de garantir a continuidade das atividades em projetos de extensão que permaneçam na região durante o ano todo e não apenas no período do Festival.
Na programação deste ano, as novidades são as oficinas e espetáculos realizados nas escolas e associações de bairro, e das parcerias nas atividades paralelas, como a Mostra de Cinema realizada pelo Sesc/PR. Além disso, neste domingo teremos o lançamento de livros publicados pela Editora da UFPR. Um deles, composto por fotografias de Antonina, é de autoria do professor Eduardo Nascimento, principal idealizador do evento e um dos responsáveis pela realização das primeiras edições do Festival.
Hoje o Festival faz parte do patrimônio cultural da região do Litoral paranaense. Antonina, que tem longa tradição nas práticas e manifestações da cultura popular, converte-se em território simbólico das trocas estéticas, que permitem discutir outras trocas simbólicas. Nestes 24 anos, uma das coisas que mais nos impressiona é conhecer produtores e gestores culturais que começaram suas práticas nas oficinas e espetáculos do Festival e que hoje voltam para ministrar oficinas ou para produzir espetáculos, não só pela oportunidade profissional, mas também pelo elo afetivo cultivado em duas décadas de muito trabalho e também de muita produção e formação.
Estamos fazendo uma grande festa, transformando a dinâmica do Litoral paranaense durante esta semana, mas com efeitos duradouros e já preparando um grande festival celebrando o jubileu de prata no próximo ano. Assim a UFPR continua cumprindo com seu compromisso de desenvolver o estado do Paraná.
Zaki Akel Sobrinho é reitor da Universidade Federal do Paraná;
Deise Picanço é pró-reitora de Extensão e Cultura da UFPR.
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