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A Olimpíada do Rio 2016, que encerrou-se no dia 21 de agosto, nos traz o questionamento: qual o legado para o esporte brasileiro? Certamente, essa é uma resposta que depende de outras varáveis que vão além das grandes estruturas construídas, como o Parque Olímpico, e do número de medalhas conquistadas por nossos atletas.

Um planejamento bem estruturado, de maneira estratégica, que contemple um universo grande de esportes deve começar desde já caso nosso país deseje tornar-se uma potência olímpica. Podemos citar como exemplo os britânicos, que, com um planejamento de 20 anos, saíram das 15 medalhas conquistadas em Atlanta (1996), com a 36.ª colocação no ranking, para a 2.ª posição no Rio, com um total de 67 medalhas, sendo 27 de ouro.

Vale lembrar que, na Olimpíada de Londres, em 2012, os britânicos terminaram na 3.ª colocação no quadro de medalhas, com 65 medalhas. Nunca um país sede melhorou seu desempenho na Olimpíada seguinte, e a Grã Bretanha conseguiu isso não por acaso, mas por um programa de apoio ao esporte que conta com recursos vindos da loteria nacional.

Fica o exemplo para o Brasil, que, com uma extensão territorial cerca de 35 vezes maior e com uma população três vezes maior, tem um grande potencial para crescer no esporte. Para que isso aconteça, faz-se necessário a união de políticas públicas de investimento, vontade política para que isto torne-se realidade e investimento da iniciativa privada.

As consequências disso agregam benefícios à sociedade brasileira que vão além do esporte. A inserção de atividades no contra-turno escolar, por exemplo, pode ser um caminho, contemplando também a demanda de educação Integral que tanto se debate nos dias de hoje. Países como Japão e Coreia do Sul, que hoje figuram entre as dez potências olímpicas, têm seus alunos frequentando a escola por um período de 9 horas diárias.

Para aqueles que não seguirem os caminhos do esporte, o legado será a prática de uma atividade saudável, que ajudará seus resultados acadêmicos

Na Rede de Colégios Maristas, através do Núcleo de Atividades Complementares, encontramos um modelo de esporte no contra-turno escolar, que vem ao encontro do modelo que consideramos ideal para a formação do aluno/atleta. A oferta de várias modalidades esportivas permite ao aluno que ele possa optar por aquela com a qual tem afinidade, contribuindo, assim, para melhorar seus resultados. É o que chamamos de democratização do esporte.

Esse investimento na base esportiva contribui significativamente para os resultados e passa por estruturas adequadas para a prática, materiais esportivos de qualidade e profissionais capacitados para poder identificar nossos possíveis atletas olímpicos.

A continuidade desse projeto deve acontecer fora da escola, em centros de excelência no esporte, onde os atletas em potenciais poderão aperfeiçoar-se nos treinamentos e adquirir índices que os coloquem em condições de competir em uma Olimpíada.

Para aqueles que não seguirem os caminhos do esporte, o legado será a prática de uma atividade saudável, que ajudará seus resultados acadêmicos. E os valores do esporte aprendidos, como respeito, espírito de equipe, solidariedade, disciplina e ética, contribuirão para formação do caráter e do cidadão. Isso fará com que toda a sociedade possa desfrutar do verdadeiro legado olímpico, pois o pódio é só uma consequência da verdadeira conquista de um país que investe em esporte e educação.

Fábio Machado Fernandes é supervisor de Educação Física do Colégio Marista Criciúma.
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