As organizações não governamentais (ONGs) frequentemente destacam-se por seu papel influente nas políticas públicas ao redor do mundo. É bom destacar a preocupação com a influência de grandes doadores nas agendas das ONGs, o que pode levar à concentração de poder e à limitação da diversidade de ideias.
Entretanto, suas atividades e influências nem sempre são percebidas de maneira uniforme. Em alguns círculos, críticas surgem quanto à possível manipulação das agendas políticas democraticamente estabelecidas, especialmente quando envolvem interesses econômicos e geopolíticos de nações poderosas como os Estados Unidos. Um exemplo notório pode ser observado na atuação da Fundação Ford no Brasil, que tem uma presença marcante, distribuindo generosas doações para mais de 200 instituições entre 2020 e 2024.
A Fundação Ford, uma das maiores e mais influentes organizações filantrópicas dos Estados Unidos, tem sido uma figura central em diversas atividades socioculturais e políticas no Brasil. Com financiamentos que chegam a centenas de instituições brasileiras, a Fundação promove, em tese, uma série de iniciativas focadas em “justiça social”, “desenvolvimento sustentável” e “direitos humanos”. No entanto, alguns críticos argumentam que as ações da Fundação têm o potencial de alinhar as discussões políticas brasileiras aos interesses estratégicos norte-americanos, diluindo movimentos de caráter mais nacionalista ou classista sob a égide de um progressismo “compatível”.
Essas críticas são ancoradas no conceito de soft power ou poder suave, pelo qual um país como os EUA pode exercer influência indireta sobre outros países. No caso brasileiro, esta influência seria exercitada através da promoção de ideologias que não confrontam diretamente os interesses econômicos e políticos dos ianques.
As ONGs podem ser vistas como organizações que são financiadas e dirigidas sem verdadeira independência de suas agendas. Assim, há que se pensar sobre a possível instrumentalização da sociedade civil em favor de interesses não nacionais, sendo as ONGs utilizadas para minar instituições democráticas através de protestos e campanhas contra governos eleitos.
O debate torna-se ainda mais complexo com intervenções no espaço digital, como as praticadas pelo Global Disinformation Index (GDI) e seus parceiros no Brasil. Alega-se que essas organizações trabalham sob a fachada de combater a desinformação, mas também agem para moldar o ecossistema de mídia conforme orientações políticas alinhadas aos seus financiadores. Além disso, a GDI e seu parceiro brasileiro, o Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), são financiados pelos governos dos EUA, Reino Unido e suas fundações afiliadas. Sob a bandeira do combate à desinformação nas redes sociais, essas organizações produzem dossiês que promovem mídias aliadas e atacam políticos rivais, criando uma rede monolítica onde vozes dissidentes são reprimidas.
Desde o início dos tempos, as ONGs têm desempenhado um papel crucial na sociedade, promovendo ações sociais e influenciando políticas públicas. No entanto, um exame atento revela que nem tudo é tão benevolente quanto parece. Um exemplo disso é a Open Society Foundations, uma instituição poderosa que opera para avançar os interesses do governo de um governo mundial e seus aliados em todo o mundo.
Essas operações levantam questões críticas sobre soberania e democracia. A influência de grandes fundações internacionais no espaço cívico de países soberanos pode ser vista como uma forma de intervenção indireta. Em alguns casos, as agendas promovidas por essas ONGs podem divergir ou até mesmo conflitar com os desejos e necessidades da população local, priorizando, ao invés, os interesses geopolíticos e econômicos de seus países de origem.
Carlos Arouck, policial federal, é formado em Direito e Administração de Empresas.
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