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 | Felipe Lima
| Foto: Felipe Lima

Nem tudo é incerteza na atual conjuntura. Sabemos que a magistratura e o Ministério Público, nas suas instâncias federal e estadual, funcionam a contento. Na denúncia apresentada pelo MP paulista à Justiça, Lula é acusado de ocultação de patrimônio, lavagem de dinheiro e incitação à revolta contra as instituições republicanas, particularmente contra o MP e a magistratura. Os promotores paulistas mencionaram na peça acusatória filme feito pela deputada Jandira Feghali, do PCdoB, no qual, em segundo plano (imaginando, talvez, que estivesse em off), aparece o ex-presidente pronunciando xingamento inominável. Uma vergonha nacional!

Segundo a denúncia que culmina com o pedido de prisão de Lula, ele era o mascote de vendas dos apartamentos do condomínio Solaris, no Guarujá. A juíza da 4.ª Vara da Justiça Criminal de São Paulo encaminhou a denúncia ao juiz Sérgio Moro. O texto da denúncia é longo (74 páginas) e bem fundamentado. Na parte final do documento, os promotores paulistas citam o Assim falou Zaratustra, de Nietzsche, em que o filósofo diz, pela boca de Zaratustra, que não há super-homens e que todos estão sujeitos à lei.

Que aqueles que vierem substituir o PT na chefia do Estado façam jus à confiança dos brasileiros

A razão da insônia ou a insônia da razão?

Olhei para o relógio, 2h20! Tentei contar carneirinhos e eles apareciam com camisa da CBF pulando uma cerca na Esplanada dos Ministérios, só piorou! Pensei nos que, pelas redes sociais, criticavam a minha não participação nos protestos.

Leia o artigo de Eloy Casagrande Jr., professor da UTFPR

A equipe de promotores da Lava Jato já tinha lembrado esse princípio alguns dias atrás, quando Lula foi conduzido pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos. Boa lembrança nestes tempos de cinismo lulopetralha que estabelece o conceito rousseauniano de soberania, segundo o qual uns são mais iguais do que outros, estando os militantes petistas e o seu chefe, claro, livres das amarras da lei. É o velho princípio leninista de pretender erguer um poder não controlado por leis. Isso é bom apenas para eles. Mas é ruim para o resto. É inaceitável o chamado que Lula, irado, fez à militância para que se levantasse contra as decisões da Justiça; inaceitável também que Dilma Rousseff tivesse se solidarizado publicamente com ele, repetindo falsas acusações contra os juízes e promotores, como se fossem militantes partidários.

As ruas se manifestaram novamente neste domingo, exigindo a saída de Dilma da Presidência, o enquadramento de Lula pela Justiça e o apoio à Operação Lava Jato sob o comando de Sérgio Moro. O magistrado pede, com clareza, em breve nota divulgada após as manifestações (que levaram às ruas de todo o país mais de 6 milhões de brasileiros), que “as autoridades eleitas e os partidos ouçam a voz das ruas e igualmente se comprometam com o combate à corrupção, reforçando nossas instituições e cortando, sem exceção, na própria carne, pois atualmente trata-se de iniciativa quase que exclusiva das instâncias de controle. Não há futuro com a corrupção sistêmica que destrói nossa democracia, nosso bem estar econômico e nossa dignidade como país”.

Os brasileiros que saíram às praças e às ruas no domingo deixaram muito claro o que querem: em primeiro lugar, que se faça justiça, tirando do poder Dilma e os petralhas que traíram a confiança da nossa sociedade governando para si mesmos, não buscando o bem comum. Em segundo lugar, que o grande chefe do populismo, Lula, a jararaca venenosa (como ele próprio se denominou), seja enquadrado no rigor da lei e responda pelos seus crimes de enriquecimento ilícito, de desmonte das instituições republicanas e de assalto ao patrimônio da nação. Em terceiro lugar, que aqueles que vierem substituir o PT na chefia do Estado façam jus à confiança dos brasileiros, governando para todos, não para uma minoria corrupta.

Ricardo Vélez Rodríguez, coordenador do Centro de Pesquisas Estratégicas da UFJF, é professor emérito da Eceme e docente da Faculdade Arthur Thomas (Londrina).
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