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 | Felipe Lima
| Foto: Felipe Lima

Para alguns historiadores, o feminismo é a maior revolução de todos os tempos, pois modificou a cultura da sociedade sem fazer uso de armas. No entanto, para que as mulheres fossem reconhecidas como cidadãs e tivessem direitos básicos, como o direito ao voto, muitas mulheres foram agredidas, presas e tiveram suas vidas ceifadas.

O feminismo é dividido pelos estudiosos em três etapas: a primeira onda é a da luta pelo direito ao voto, no início do século 20; a segunda onda, de 1960 até os anos 1980, foi a luta pelo fim da discriminação e no combate à violência contra a mulher; e a terceira onda, a partir dos anos 1990, prioriza a mulher na política e a organização de mulheres em suas especificidades. Agora começam a falar em quarta onda do feminismo, com o empoderamento das mulheres e a presença de jovens em defesa do próprio corpo e do direito de ir e vir com liberdade.

Situações ocorridas durante 2015 acionaram um alerta no movimento feminista, diante do ataque do conservadorismo

Menos slogans e mais ação

Dias atrás, me deparei com muitas notícias sobre o protesto “Vai ter shortinho sim”. Trata-se da manifestação de garotas com uma média de 13 anos, reivindicando o direito de usar shorts curtos dentro do ambiente escolar.

Leia o artigo de Sara Winter, ex-integrante do Femen

Mais recentemente, nos anos 1990, as mulheres se organizaram de acordo com suas especificidades. Negras, lésbicas, indígenas, do campo, sindicalistas e católicas, entre outras, colocaram no cenário da luta feminista seus problemas e reivindicações. Os anos 2000 marcaram a disputa no cenário político, no qual a cota de 30% tornou-se um desafio. Muitos partidos políticos colocam mulheres candidatas apenas para cumprir a cota, fenômeno que ficou conhecido como “mulher laranja” e é amplamente combatido pelo movimento feminista.

Após a conquista do direito ao voto, da lei de salários iguais, de leis mais rigorosas de proteção as mulheres vítimas de violência, da lei do feminicídio, entre outras, novos desafios se apresentam para as mulheres e conquistas garantidas são questionadas.

Situações ocorridas durante 2015 acionaram um alerta no movimento feminista, diante do ataque do conservadorismo que se apresenta quando as mulheres são agredidas tanto moral como fisicamente, têm restringido seu direito de ir e vir, têm suas opções de vida desrespeitadas e são assassinadas por questão de sexo e gênero.

Temas como a restrição à pílula do dia seguinte e a discussão do aborto, a crítica das igrejas à chamada ideologia de gênero, o ataque sistemático às mulheres que atuam na política e o crescente assassinatos de mulheres pelo Brasil afora mobilizaram as mulheres e trouxeram para a luta feminista a força das mulheres jovens que se organizam em torno de afirmações de sua entidade e do poder sobre o próprio corpo.

Paralelamente a esses acontecimentos, o movimento feminista traz à tona a necessidade de solidariedade entre as mulheres para o combate sistemático à violência e à discriminação. Organizações mundiais como a Marcha Mundial das Mulheres ou a ONU Mulheres confirmam a necessidade da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres.

Não há empoderamento da mulher sem sua participação nos espaços de poder e na política. Aliada às lutas em defesa do próprio corpo, do combate à violência contra a mulher e das especificidades das mulheres, a solidariedade apregoada no movimento feminista se coloca como um desafio para o avanço dos direitos das mulheres.

Tania Fatima Calvi Tait, professora e pós-doutoranda em História, é coordenadora da ONG Maria do Ingá-Direitos da Mulher, membro do Núcleo de Mulheres do Sinteemar e do Forum Maringaense de Mulheres.
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