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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A inclusão é um dos importantes temas que permeiam debates sobre a educação nos dias atuais. Ainda que muitas pessoas com deficiência já tenham acesso aos serviços garantidos por lei, o atendimento ainda é precário no Brasil. Entre os obstáculos para o acesso universal ao ensino regular, o pesquisador Romeu Sassaki destaca a falta de transporte, as barreiras nos espaços urbanos que dificultam a mobilidade, como ruas e calçadas inadequadas, e também a condição socioeconômica do aluno, que diversas vezes encontra dificuldade no acesso aos materiais escolares. Muitas pessoas com deficiência têm a matrícula garantida, mas é preciso fazer mais.

A escola deve, além de garantir a matrícula dos estudantes, cumprindo a legislação, favorecer a permanência destes na escola, garantindo ambientes e uma infraestrutura adequada para o acesso e mobilidade. Também é preciso realizar um trabalho de conscientização e sensibilização dos outros alunos em relação à pessoa com deficiência, para que esta se sinta acolhida pelos colegas. O trabalho pode ser feito junto à comunidade escolar, envolvendo familiares, professores e funcionários, entre outros.

A educação e o trabalho são ferramentas essenciais para a inclusão das pessoas com deficiência

Para uma efetiva educação inclusiva, são necessários professores preparados para lidar com a situação em sala, e um professor assistente. A presença de um profissional qualificado é importante para atender ao aluno quando este precisa de ajuda física, de mobilidade, por exemplo. É obrigatória também a presença de um intérprete da Língua de Sinais Brasileira (Libras) quando houver um aluno surdo; e material específico em braile, quando houver aluno cego, ou material especial para estudantes com baixa visão.

Para tanto, a capacitação periódica deve ser realizada pelos professores, funcionários e comunidade escolar que atende aos alunos, a fim de compreender melhor o programa e a finalidade da educação inclusiva, e saber lidar com as diferentes necessidades. A educação deve ser útil e acessível a todas as pessoas e é preciso oferecer recursos diferenciados para que esses alunos consigam atingir o objetivo, conforme seu ritmo e seu desenvolvimento individual. Não só os alunos com deficiência são beneficiados com a inclusão; todos ganham, porque têm acesso a metodologias inovadoras mais eficientes e novos materiais.

Além dos desafios ao longo da vida escolar, as pessoas com deficiência precisam, depois, ter acesso ao mercado de trabalho, para garantir seu desenvolvimento enquanto cidadãos. A legislação define que empresas com 100 ou mais funcionários destinem de 2% a 5% das vagas para pessoas com deficiência. Como reflexo, há um aumento no número desses profissionais no mercado de trabalho; no entanto, sem as cotas que a lei exige, talvez esse aumento não existisse. Dos 44 milhões de brasileiros com deficiência, 23,7 milhões estão fora do mercado, segundo informações de 2010 do IBGE.

A educação e o trabalho são ferramentas essenciais para a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Esses estudantes e trabalhadores têm direitos que precisam ser observados e garantidos pelo Estado, a fim de que consigam também superar suas próprias dificuldades. No entanto, a pior barreira ainda é o preconceito, a falta de informação e empatia de muitas pessoas que não sabem como lidar com a inclusão e acolher alunos ou colegas com deficiência, de forma a incentivar a aceitação das diferenças e as mesmas oportunidades para todos.

Danielle Scheffelmeier Mei é jornalista e mestre em Comunicação.
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