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| Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

É alarmante a queda na cobertura vacinal de bebês e crianças no Brasil. Um levantamento do Ministério da Saúde aponta que em 2017 os índices atingiram o nível mais baixo do país nos últimos 16 anos e identificou que todas as vacinas indicadas para crianças com menos de um ano não alcançaram a meta. Recentemente, a campanha de vacinação contra o sarampo e a poliomielite ficou bem longe do esperado. Os últimos dados do MS mostraram que 38% das crianças entre 1 e 5 anos ainda não foram imunizadas contra as duas doenças.

As crianças de hoje são filhos de uma geração de pais que não viu os estragos que algumas doenças podem causar. Esses pais viveram uma infância livre de patologias graves erradicadas no Brasil por conta da vacinação. Agora, eles não acreditam que elas possam acometer seus próprios filhos e ainda causar sequelas irreversíveis. Pergunto aos pais que não levam seus filhos para tomar vacina: Como vocês se sentiriam ao saber que foram responsáveis pela morte do seu próprio filho por ter escolhido não protegê-lo?

Há ainda o crescimento irresponsável de movimentos antivacinas, que ameaça os resultados conquistados nos últimos anos pelas campanhas de imunização. Estamos presenciando o aumento significativo da ocorrência de algumas doenças, como o sarampo. Os pais precisam ter consciência de que o esforço para impedir que doenças já eliminadas voltem a ser registradas é um trabalho de toda a sociedade.

Os pais precisam ter consciência de que o esforço para impedir que doenças já eliminadas voltem a ser registradas é um trabalho de toda a sociedade

A Europa viveu esse cenário há aproximadamente 5 anos e agora luta para reverter o problema. Atualmente vive um surto de sarampo em pelo menos 19 países. Na Europa, as vacinas do Programa Nacional de Vacinação não costumam ser obrigatórias, mas, diante do surto de sarampo, leis aprovadas na França, Alemanha e Itália obrigam pais a vacinarem suas crianças contra o vírus especificamente. Na Alemanha e na Itália foram estipuladas multas para quem não cumprir a lei.

Para a Organização Mundial da Saúde, as vacinas representam a medida com melhor custo-benefício em saúde pública, pois evitam 2,5 milhões de mortes por ano e reduzem os custos dos tratamentos específicos de doenças evitáveis.

O Plano Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde, atualmente oferece de graça 27 vacinas para a população. Essas vacinas combatem doenças como sarampo, caxumba, rubéola, tétano, tuberculose, febre amarela, difteria, coqueluche, poliomielite, influenza, HPV, entre outras.

Opinião da Gazeta: A nova “Revolta da Vacina” (editorial de 25 de julho de 2018)

Leia também: Campanhas de vacinação devem ser impositivas e punir as omissões (artigo de Luiz Carlos Borges da Silveira, publicado em 23 de agosto de 2018)

No último dia 28 de agosto, o Boletim da Gripe divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado divulgou que o Paraná registrou 100 óbitos por gripe em 2018.

No ano passado, o Brasil viveu um surto de febre amarela, resultado da combinação de dois fatores: o avanço da doença para áreas sem recomendação da vacina e com grande número de pessoas suscetíveis. Entre julho de 2017 e julho de 2018, o Brasil registrou 415 mortes por febre amarela e 1266 infecções confirmadas. Diante dessa realidade, vimos os brasileiros se aglomerarem em filas nos postos de saúde para garantir uma dose da vacina. Chegou a faltar vacina no mercado.

É preciso que as doenças voltem a fazer vítimas para que tenhamos a consciência sobre a importância da vacinação? Prevenir, sem dúvida, sempre será a melhor atitude.

Jaime Rocha é infectologista da Unimed Laboratório e Diretor de Prevenção e Promoção à Saúde da Unimed Curitiba.
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