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O Ministério da Saúde assinou um memorando de entendimento com a Pfizer para comprar a vacina contra a Covid-19. Imagem ilustrativa.| Foto: Divulgação/Pfizer

A vacina chinesa, a Sinovac/Butantan, é construída segundo a comprovada técnica do vírus atenuado, que já demonstrou notável eficácia no combate a outras doenças virais. Nada contra ela, desde que sua eficácia no combate ao SARS-Cov-2 (o agente etiológico da doença Covid-19) seja comprovada.

O problema com esta vacina não é técnico ou científico, é ideológico, de ideologia canhestra. Infelizmente a Anvisa foi posta sob suspeita por conta de algumas nomeações bolsonaristas que visaram, não necessariamente a competência científica dos nomeados, mas sua fidelidade canina ao presidente de plantão.

A Anvisa, uma agência reguladora do Estado brasileiro, foi aparelhada por Bolsonaro para que se cumpra o seu arrogante e boçal mandado: “Quem manda sou eu”. Nesta definição de aparelhadores estão dois militares e alguns técnicos defensores da hidroxicloroquina e nada simpatizantes (por razões ideológicas, repito) – como o próprio Bolsonaro – da Sinovac/Butantan, também conhecida como Coronavac.

É trágico, para o país, o que o atual presidente fez com a Anvisa, uma agência reguladora – órgão de Estado, portanto, e não de governo. Mas Jair Bolsonaro, que está longe de ser um primor de estadista, parece não entender esta diferença fundamental e continua maltratando a agência com sua ideologia canhestra e politicalha medíocre.

Minhas vacinas prediletas são as da Pfizer-BioNTech e da Moderna, que usam uma técnica revolucionária, a do RNA mensageiro (mRNA) e estão dando resultados fantásticos. Países como Reino Unido (onde se desenvolve a vacina da AstraZeneca/Oxford), Canadá, Arábia Saudita, Bahrein e México já compram essas vacinas, estão vacinando seus cidadãos, ou em via de vaciná-los.

Já no Brasil de Bolsonaro a situação é trágica. Jair Bolsonaro apostou todas as fichas do país em uma única vacina, a da AstraZeneca/Oxford, que por um acidente de percurso está com o desenvolvimento atrasado.

O Brasil pode até tentar - atrasado como está - adquirir as duas vacinas da Pfizer-BioNTech e da Moderna (ou mesmo a Sputnik V, do instituto russo Gameleya). Se fizer isto – e parece que está tentando, já que a ideologia está trabalhando contra a popularidade de Bolsonaro – o Brasil entrará nas últimas posições da fila de compradores. Não será para breve a chegada (se houver mesmo compra) dessas vacinas por aqui. O menos ruim para o país será um investimento elevado na “vacina do Dória”, a chinesa Coronavac, para desapontamento e injúria política de Jair Bolsonaro e seus cupinchas.

Quanto a nós, brasileiros, só nos resta continuar assistindo, aflitos e desconsolados, governos responsáveis e competentes – que não politizaram a Covid -19 e não receitaram a hidroxicloroquina – a vacinar seus cidadãos, enquanto nos deparamos, diariamente, com as tenebrosas estatísticas de contaminação e morte pela Covid-19.

Mas isto é, sem surpresas, o Brasil! É o velho Brasil de sempre. É o Brasil de Sarney, de Collor, de Lula, de Dilma Rousseff e, last but not least, de Jair Bolsonaro e seus aparelhamentos.

José J. de Espíndola é engenheiro mecânico pela UFRGS, mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio, doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra e doutor "honoris causa" da UFPR.

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