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A história da luta pelos direitos das mulheres tem inúmeros capítulos, sempre em busca da igualdade de oportunidades entre os gêneros e sem abandonar as particularidades que compõem a nossa identidade feminina. Essa batalha se repete todos os dias também no futebol brasileiro. Meninas e mulheres adeptas do esporte mais popular do país enfrentam obstáculos bem diferentes dos encontrados pelos homens.

Dentro de campo, as brasileiras colecionam conquistas pautadas quase que exclusivamente no talento. São duas medalhas de prata nos Jogos Olímpicos, três medalhas de ouro em Jogos Pan-Americanos e uma final de Copa do Mundo, além dos cinco prêmios consecutivos de melhor jogadora do mundo para Marta. É fácil imaginar do que seríamos capazes com mais investimento e planejamento.

É verdade que tivemos avanços recentes, como a criação do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil femininos e a formação de uma seleção feminina permanente com salários pagos pela CBF, adotando o mesmo modelo dos Estados Unidos. Mas ainda há muito trabalho pela frente nas divisões de base, formação de novas árbitras e qualificação de treinadores e preparadores físicos para trabalharem especificamente com as mulheres.

O apoio ao futebol feminino tem um importante papel social de quebrar barreiras entre homens e mulheres

A decisão de apoiar o futebol feminino cumpre um importante papel social de quebrar barreiras que distanciam homens e mulheres. Sabemos que o futebol como um todo passa por um momento de reavaliação e reestruturação. No entanto, é impossível pensar em modernização sem considerar a valorização e o fortalecimento das mulheres nesse universo dominado por homens.

Em fevereiro, a Fifa deu um passo importante para aumentar a participação feminina nas tomadas de decisão no esporte. Foi aprovado um pacote de reformas que determina que cada uma das seis federações internacionais tenha pelo menos uma mulher entre seus representantes no Conselho da Fifa.

Temos de aproveitar esse momento para reduzir a disparidade de condições entre o futebol masculino e o feminino, como já acontece no vôlei, por exemplo. As meninas não querem ser iguais aos homens. Elas querem o mesmo respeito, disputar campeonatos dignos, jogar em grandes estádios e ter mais visibilidade. Como faremos isso? É o que temos de discutir.

A CBF acaba de criar o Comitê de Reformas do Futebol, que busca rever processos e aperfeiçoar políticas para o esporte. A jogadora Formiga e eu tivemos a honra de sermos convidadas para liderar o grupo de trabalho sobre o futebol feminino. Já conquistamos uma grande vitória, ao incluir o tema entre os cinco prioritários.

Dos 16 assuntos em pauta, o futebol feminino está longe de ser o mais polêmico. Por esse motivo, um dos nossos desafios é mobilizar a sociedade em torno desse debate. É hora de promover as mudanças necessárias para alavancar o futebol feminino no Brasil. E todos estão convidados a participar. O leitor pode acessar o site do comitê, buscar por Temas e Documentos, analisar e deixar sua opinião.

Ana Paula Oliveira é integrante da Escola Nacional de Arbitragem de Futebol e do Comitê de Reformas do Futebol.
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