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| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

O navio Almirante Saldanha, quando atracou no litoral paranaense em março de 1935 para a inauguração do Porto de Paranaguá, não sabia da magnitude daquele marco para a história portuária do Paraná e do Brasil. O porto graneleiro tinha ali sua história iniciada, que registrou em 2017 uma movimentação de cargas de cerca de 51,5 milhões de toneladas, considerando importação e exportação.

Como o porto de Paranaguá, a maioria dos portos brasileiros foi construída muito antes da atual legislação ambiental entrar em vigor, em 1981. Ou seja, os portos mais novos já estão dentro de outro cenário, com estudos ambientais, sociais e dos impactos e desenvolvimento das cidades incluídas. Se pegarmos os portos novos em outras cidades litorâneas e até o maior e mais antigo (o de Santos), eles se apoiam em ações efetivas de regularização.

E obviamente que estes estudos são realizados previamente à construção de um novo porto e levam em consideração todos os pontos negativos das experiências dos portos mais antigos.

Um porto transforma seu entorno, com atividades produtivas que se valem de seus serviços e de relacionamento com a comunidade

Em portos mais novos e que servem de modelo, como o de Itaguaí (RJ), que têm um potencial grande de movimentação de cargas, são realizadas ações integradas, pois obviamente um porto isolado da cidade traria problemas para a população. Em qualquer porto é preciso integrar as vias e fazer o trabalho social integrado; enfim, uma série de ações que tornam um porto um meio para se desenvolver a região em que está instalado e que o faz um instrumento a serviço deste desenvolvimento.

O Porto Pontal Paraná (3P) é um exemplo disso. Seu projeto conta com vários estudos já aprovados, incluindo os do seu Plano Básico Ambiental (PBA). Diferentemente de um porto graneleiro, o 3P pretende trabalhar apenas com a movimentação de contêineres, ícone das transformações mundiais no transporte e manuseio de cargas, sem sujeira ou mau cheiro. Engana-se quem acredita que um porto se limita apenas a seu tamanho e instalações. Um porto transforma seu entorno, com atividades produtivas que se valem de seus serviços e de relacionamento com a comunidade.

Leia também: A Faixa de Infraestrutura e seus impactos (editorial de 23 de abril de 2018)

Leia também: Que futuro queremos para Pontal do Paraná? (artigo de Clovis Borges e Aristides Athayde, publicado em 9 de abril de 2018)

Exemplo a ser seguido é o que acontece na Antuérpia (Bélgica), onde forças públicas e privadas focam na construção de comunidades portuárias. Globalização, atividades de transformação e a cidade portuária precisam caminhar juntas, tornando este um território produtivo.

Quem diz que o novo porto em Pontal do Paraná não vai trazer desenvolvimento, comparando o nosso município ao de Paranaguá, usa de má fé ou de desconhecimento da atual realidade. O litoral precisa, sim, de um novo porto e de uma nova estrada.

Ricardo Aguiar, biólogo, especialista em Gestão Ambiental e graduando em Gestão Pública. É Secretário Municipal de Planejamento e de Recursos Naturais de Pontal do Paraná.
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