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Se dominar o inglês é pré-requisito para driblar a concorrência e desbravar os desafios de universidades ao redor do mundo, por que não incentivar este aprendizado desde a infância? O período que se estende dos 5 aos 10 anos é extremamente frutífero principalmente por causa da maleabilidade do aparelho fonador, que permite a reprodução de sons de quaisquer idiomas com destreza similar à de um nativo. Além da propensão natural para aprender outras línguas, a fase designa um comportamento específico do cérebro, que exibe alta capacidade de absorção, como uma esponja.

Um caminho para otimizar essa oportunidade – transformando o que era facilidade em hábito enraizado – é, justamente, apostar no aprendizado de inglês. Tão fundamental quanto os pais tomarem tal decisão é que eles se certifiquem de que a exposição à língua se estenda ao longo da vida do filho e com atenção especial à infância, mas não se restrinja a ela. Ao entender isso como um padrão, o cérebro absorve o conhecimento para a posteridade e evita possíveis impasses como, por exemplo, pensar primeiro em português e depois em inglês, troca que impossibilita uma comunicação fluente.

O período dos 5 aos 10 anos é extremamente frutífero por causa da maleabilidade do aparelho fonador

Não basta, porém, incitar este aprendizado. É preciso acompanhá-lo de perto para que as possibilidades desse potencial de absorção sejam, de fato, bem exploradas, agregando benefícios para a vida toda da criança. Compreender e respeitar o processo natural desse desenvolvimento, sem apressá-lo ou sobrecarregá-lo, tem de ser a principal preocupação de pais e professores. Estes últimos, por sua vez, podem lançar mão de atividades lúdicas, como jogos, músicas e histórias, para aproveitar a flexibilidade típica da idade.

Aos pais, cabe avaliar aspectos mais superficiais, porém igualmente importantes, como a duração e o formato das aulas. Neste ponto, merece destaque o conceito de attention span, que se refere à quantidade de tempo pelo qual alguém permanece concentrado a uma mesma tarefa. Se adultos tendem a ter uma capacidade maior de foco, já que foram treinados por anos pela escola, crianças entre 5 e 6 anos distraem-se depois de cerca de 20 minutos. Colocá-las em aulas de mais de uma hora e meia, portanto, é uma escolha sem sentido, pois não há maturidade física e cerebral para assimilar conteúdo. Uma boa medida são aulas de 50 minutos, nas quais são recapitulados aprendizados nos primeiros 20 minutos, seguidos de apresentação e prática de novos tópicos.

A duração, no entanto, não é o único componente das aulas. São essenciais materiais orgânicos, que considerem a ativação de partes específicas do cérebro conforme a idade da turma. Com esse esquema, espera-se que, aos 9 anos, o aluno faça associações espontâneas quando o professor retoma um vocabulário já aprendido anteriormente. Uma boa alusão é um armário com várias gavetas. Com alunos de 5 anos, monta-se a estrutura do armário com ênfase na construção de um alicerce consistente e não na produção de conteúdos diversos. As gavetas são inseridas ao longo do tempo, para que, com 10 ou 11 anos, o aluno saiba quando abrir cada gaveta de maneira independente e fora do ambiente escolar, se for preciso.

Neste sentido, a rotina fora de sala de aula pode ser tão motivadora quanto a de dentro e, inclusive, começar antes sem prejuízos à alfabetização em português. Hoje, há uma série de aplicativos para crianças de um ano e meio a 2 anos, além de jogos e filmes, que estimulam a pronúncia com recursos visuais e sonoros. Este universo lúdico é aconselhado para evitar cobranças e o sentimento de obrigação antes do tempo e pode servir de complemento ao ensino da escola, quando este for iniciado.

O resultado são adultos com raciocínio mais ágil, preparados para decodificar sons pelo contexto geral da situação e não pela compreensão de palavras separadamente. Por consequência, crianças conscientes da importância de dominar o inglês tornam-se adultos dispostos a vislumbrar oportunidades naquilo que para os outros é adversidade.

Carla Probst é gerente dos exames de Cambridge da Cultura Inglesa de Curitiba e especialista em avaliação para crianças.
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