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Quando eu estava na pós-graduação, aprendi muito sobre a esquerda. Uma das lições era a de que, enquanto a maioria dos liberais e conservadores segue as regras de ordem e decência estabelecidas pela sociedade, muitos esquerdistas não se sentem obrigados a fazê-lo.

Eu vi a maneira como os esquerdistas contrários à Guerra do Vietnã tratavam outros estudantes e seus professores. Eu vi estudantes de esquerda fazendo “exigências inegociáveis” a diretores de faculdade. Eu vi os Panteras Negras recorrerem à violência – incluindo tortura e assassinato – e serem recompensados financeiramente pelos esquerdistas.

Hoje, vemos bandos de esquerdistas gritando as piores baixarias a professores e reitores, enquanto impedem palestrantes conservadores e pró-Israel de falar nas faculdades. Vemos com frequência os manifestantes de esquerda bloqueando rodovias e pontes, berrando diante das casas de líderes políticos e empresários conservadores, e rodeando as mesas de restaurantes onde conservadores estão fazendo suas refeições para ficar gritando e cantando em cima deles.

Conservadores não fazem isso. Eles não fecham estradas, não gritam palavrões para políticos de esquerda, não tentam censurar palestrantes de esquerda nas faculdades, não quebram vidros de estabelecimentos comerciais etc.

Hoje, vemos bandos de esquerdistas gritando as piores baixarias a professores e reitores

Por que os esquerdistas se acham no direito de fazer tudo isso? Porque eles rejeitaram completamente os valores burgueses, de classe média, judaico-cristãos. Os esquerdistas são a única fonte de seus valores. Eles não apenas acreditam saber o que é certo – o que os conservadores também creem –; eles também se julgam moralmente superiores a todos os demais. Os esquerdistas são os Ubermenschen: pessoas que estão em um plano moral tão elevado que não se consideram obrigadas a seguir as convenções normais de civilidade e decência. Os esquerdistas não precisam desse tipo de diretriz; só os não esquerdistas – os “deploráveis – precisam disso.

Em agosto de 2017, a professora de Direito da Universidade da Pensilvânia Amy Wax escreveu um texto no Philadelphia Inquirer em defesa dos valores da classe média. Ela e um coautor citaram várias normas de comportamento que, como ela diz, “eram quase que universalmente adotadas entre o fim da Segunda Guerra Mundial e o meio dos anos 60”. Entre eles estavam: “Case antes de ter filhos, e se esforce para permanecer casado pelo bem deles. Busque a instrução necessária para um bom emprego, trabalhe duro e evite a ociosidade. Faça mais do que seu patrão ou cliente pedem. Seja patriota, pronto para servir a pátria. Seja um bom vizinho, preocupado com a sociedade, faça caridade. Evite linguagem imprópria em público, respeite as autoridades, evite o vício em entorpecentes e o crime”. Depois, Amy escreveu no Wall Street Journal que “o fato de essa ‘cultura burguesa’ que essas normas refletiam ter sido destruída desde os anos 60 explica muito das atuais patologias sociais – e uma restauração dessa cultura faria muito para resolver essas patologias”.

Para seus colegas esquerdistas na Penn Law School, ela passou dos limites. Quase metade dos seus colegas professores de Direito – 33 deles – a condenaram em uma carta aberta. Ela escreveu, no WSJ, que “o diretor da minha faculdade me pediu, pouco tempo atrás, para tirar uma licença no ano que vem e deixar de lecionar uma disciplina obrigatória para o primeiro ano”. A seção da Pensilvânia da Guilda Nacional de Advogados, também esquerdista, a condenou por defender valores burgueses e questionou se “era apropriado que ela continuasse a lecionar uma disciplina obrigatória de primeiro ano”.

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No que diz respeito aos códigos de conduta tradicionais judaico-cristãos, basta ver o desprezo da esquerda pela religiosidade do vice-presidente Mike Pence. Os esquerdistas o temem mais que o presidente Donald Trump apenas por esse motivo. Seria de se imaginar que os esquerdistas, tão atentos à questão do assédio sexual contra mulheres, admirariam o fato de Pence, há muito tempo, nunca jantar sozinho com outra mulher que não seja sua esposa. Em vez disso, eles fazem troça dele por isso.

Com tanta autoestima e sem nenhum valor de classe média, burguês ou judaico-cristão para lhes guiar, muitos esquerdistas são gente especialmente perversa. O esquete de abertura do Saturday Night Live de dias atrás, com Matt Damon ridicularizando o juiz Brett Kavanaugh, é um exemplo que vem em boa hora. Seria inimaginável que algum grupo ou indivíduo conservador influente lançasse um esquete fazendo piada com Christine Blasey Ford, a acusadora de Kavanaugh. Aliás, o juiz lembrou que sua filha de 10 anos fez uma oração por ela, e de imediato um cartunista político fez uma charge em que a criança rezava para que Deus perdoasse seu “pai raivoso, mentiroso e alcoólatra por ter assediado sexualmente a doutora Ford”.

Da mesma forma, há alguma personalidade conservadora na direita que tenha, algum dia, mandado Obama se f**** da mesma forma como Robert De Niro gritou “F***-se Trump” nos Tony Awards? E por que De Niro acha que poderia endereçar um palavrão ao presidente dos Estados Unidos enquanto milhões de jovens o viam na televisão? Porque ele não está limitado por valores morais de classe média ou judaico-cristãos. Nas famosas palavras de Nietzsche, De Niro, como outros esquerdistas, está “acima do bem e do mal”, como os americanos entendiam esses termos até os anos 60.

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Em 2016, quando o ator Rob Lowe participou de um programa do canal Comedy Central em que celebridades são “fritadas”, boa parte das piadas se dirigia a Ann Coulter, e não a Lowe. A maioria ridicularizava sua aparência – e, se há algo mais cruel que tirar sarro publicamente de uma mulher por sua aparência, é difícil saber. Pete Davidson, membro do elenco do Saturday Night Live, por exemplo, disse “Ann Coulter, se você está aqui, quem está espantando os corvos nas nossas plantações?”

É claro que existem conservadores que agem mal – basta ver alguns comentários muito baixos de anônimos conservadores na internet. E o fato de Christine Ford ter recebido ameaças de morte é moralmente escandaloso. A diferença para a maldade esquerdista é que esta é praticada de forma aberta, não anônima. Os esquerdistas não se escondem atrás do anonimato porque não sentem a obrigação de seguir nenhuma das noções tradicionais de civilidade, que eles desprezam.

Agora podemos entender por que a esquerda odeia Pence, um homem que, sem dúvida, leva uma vida muito honrada. Ele – como outros cristãos evangélicos e judeus ortodoxos – tentam viver segundo um código que é maior que eles.

É essa ética que os Ubermenschen tentam destruir. E eles estão conseguindo.

Dennis Prager é colunista do The Daily Signal, apresentador de rádio e criador da PragerU. Tradução: Marcio Antonio Campos.
© 2018 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.
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