A realização do concurso ao Prêmio de Inovação Tecnológica em Prevenção das DST/HIV/Aids, proposto pelo Ministério da Saúde e o Ministério da Educação nos faz refletir sobre o nível de banalização da sexualidade que estamos vivendo.
Não há dúvidas sobre a importância de muitos programas já desenvolvidos pelo Ministério da Saúde sobre este sério problema epidemiológico das DSTs. Estamos plenamente de acordo que toda a sociedade deve contribuir nesse processo se engajando através de parcerias e forças organizadas da população para o desenvolvimento de projetos educativos baseados em valores éticos e morais. E muito já se tem feito não só da prevenção, mas das milhares de iniciativas de acolhimento, acompanhamento e apoio aos portadores de DST/HIV/Aids.
Mas de tudo isso resta-nos uma pergunta. Tanto empenho dos órgãos competentes, dos meios de comunicação e da sociedade e ainda os índices continuam alto e num crescendo contínuo.
Não tenho todas as respostas, mas de uma tenho certeza: a sexualidade está banalizada. E um projeto como este dos dispensadores de preservativos pode contribuir para um maior uso da camisinha, mas não para uma sexualidade sadia e preventiva. É muito importante que todos se conscientizem de que a camisinha pode evitar que se contraia o vírus, mas não soluciona a raiz do problema: uma mentalidade sexual reduzida ao nível do descartável. Estamos fazendo concursos públicos para inovar técnicas e não transformar mentalidades. A educação com seu potencial poderia transformar mentalidades superficiais para assumirem valores profundos, de respeito, de amor verdadeiro, de comprometimento responsável, de sexualidade sadia, mas prefere vestir a roupagem da moda, de seguir o relativismo, de se impor com o banal e descomprometido sexo seguro, descartável e sem amor.
O projeto se justifica dizendo que o sistema educacional possui uma parcela significativa de responsabilidade na formação integral de sujeitos de direitos. Mas aquele menino que foi na escola estudar, crescer no conhecimento, que pensará os projetos de um Brasil melhor, volta para casa com suas camisinhas, pensando em como vai utilizá-las naquele dia. Talvez no fim do seu curso em vez de projetos, de aquisição de conhecimento, de valores aprendidos ele saia com um diploma de desenvoltura sexual precoce e ganhará um prêmio por ter utilizado o maior número de camisinhas durante seu período de estudo. É esse o Brasil que queremos? É esse o papel de nossa educação? É para isso que os pais colocam seus filhos na escola?
O Censo realizado nas escolas em 2005 apontou que, das 207.214 escolas da educação básica recenseadas, 161.679 responderam aos questionários específicos sobre questões de prevenção; 60,4% dessas escolas afirmam realizar ações de prevenção. Será que de um censo tão significativo o resultado mais criativo que o Ministério teve foi criar um dispensador de preservativos? Quantas iniciativas nessas escolas e comunidades têm superado as questões de prevenção sem recorrer a esses subterfúgios midiáticos? Seria bom que não se privilegiasse um único meio de prevenção, mas que fôssemos capazes de divulgar também aqueles meios que incentivam a castidade, o amor verdadeiro e responsável, a maturidade de escolha do parceiro, enfim as virtudes, a força de vontade, a sabedoria, o autocontrole. Mas se preferirmos o sexo descartável como a melhor opção para nossa vida e o futuro de nossas gerações, estamos colocando em xeque nossa própria capacidade de escolher o que é melhor para nossa vida e vamos engolindo "campanhas" e "inovações" e nunca enfrentamos a raiz dos problemas.
-
CPI do Abuso de Autoridade enfrentará obstáculos criados pelo próprio STF para investigar ministros
-
Parlamentares se mobilizam para derrubar vetos de Lula: Marco temporal e desoneração são “inegociáveis”
-
Ameaça de guerra mostra como faltam tanques, armas e estrutura para o Brasil defender fronteiras
-
Programa de escola cívico-militar centraliza gestão e Tarcísio espera aprovação ainda em 2023