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No ano passado, pela primeira vez na história, o número de pessoas morando nas cidades superou a população não urbana do mundo. Isso demorou milhares de anos para acontecer, mas agora a diferença está crescendo cada vez mais rápido. Em 1900, apenas 13% da população mundial viviam em cidades. Em 2030, serão 61% e, até 2050, esse índice terá chegado a 70%. Nosso planeta se tornou um planeta urbano e agora temos alguns desafios para superar.

Um grande desafio é acompanhar a alta taxa de crescimento das cidades, que apresentam uma demanda cada vez maior por serviços e enfrentam problemas como congestionamentos, desperdício e falta de segurança que afetam o progresso e a qualidade de vida dos cidadãos. As cidades já consomem 75% da energia mun­­dial e são responsáveis por mais de 80% da emissão de dióxido de carbono. 95% ainda despejam esgoto não tratado em rios, lagoas ou oceanos.

As complexas infraestruturas necessárias para viabilizar o fornecimento de água e energia, a distribuição de alimentos e o transporte estão sendo sobrecarregadas como nunca. A população de São Paulo já passou de 10 milhões; o Rio de Janeiro já tem mais de 6 milhões de habitantes. No Brasil, mais de 80% da população vivem em áreas urbanas e, em 2050, esse número passará dos 90%. Quando áreas urbanas atingem esse tamanho, os benefícios usuais de economias de escala diminuem, os impactos no meio ambiente aumentam e a qualidade de vida pode cair.

Alguns dos desafios que enfrentamos hoje no Brasil impressionam quando paramos para olhar os números. Dos alimentos produzidos no país, 40% são perdidos no transporte e armazenamento. A energia elétrica desperdiçada poderia atender 17 milhões de brasileiros por ano. E, só em São Paulo, o congestionamento do trânsito gera um custo anual de mais de R$ 35 bilhões.

Para as cidades sustentarem seu crescimento, elas precisam crescer de forma inteligente e ter uma infraestrutura que suporte serviços vitais, como transporte, segurança, energia e água, e responda às necessidades da população. E a tecnologia pode ajudar a modernizar as cidades, garantindo uma gestão mais eficiente, economia de recursos e expansão do bem-estar social.

Em Nova Iorque, por exemplo, a taxa de criminalidade caiu 27% com o uso de soluções de análise de informação em tempo real. A polícia polonesa aumentou as taxas de apreensão em 66% após ter acesso remoto à base de dados da União Europeia. Em qualquer cidade, redes informatizadas são capazes de gerenciar automaticamente a distribuição de eletricidade e reduzir o pico de demanda de energia em 15%.

Por outro lado, algumas estatísticas continuam incoerentes. Por mais que segurança pública seja responsável por cerca de 45% dos orçamentos dos municípios, metade dos crimes violentos ainda não é reportada em todo o mundo, dificultando a identificação de criminosos e a prevenção de delitos. Na área de saúde, apenas 25% dos tratamentos são indicados com base em evidências, o que mostra a urgência de termos mais fatos gerados através de sistemas eficientes de análise de dados e coleta de informações.

A boa notícia é que a tecnologia necessária para criar esses sistemas inteligentes já está disponível. Hoje há mais de 4 bilhões de celulares no mundo, 2 bilhões de pessoas e 1 trilhão de coisas, como carros, câmeras, estradas e bancos, estão conectados à internet. Quase tudo já pode estar digitalmente interconectado.

A capacidade das cidades em prosperarem como centros produtivos não pode ficar limitada à falta de infraestruturas adequadas. São pre­­cisos sistemas mais inteligentes que possam entregar à população ser­­viços eficientes de energia, transporte, água e alimentos e, ao mes­­mo tempo, conservar recursos naturais valiosos e minimizar os impactos ao meio ambiente. Infraestruturas adequadas garantirão o sucesso das cidades como lugares para trabalhar e viver com qualidade.

Fernando Faria, executivo de setor público da IBM para a América Latina

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